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terça-feira, 29 de janeiro de 2013
OS GIBEONITAS
sábado, 19 de janeiro de 2013
CURSO DE OBREIROS
CURSO DE OBREIROS
MINISTÉRIO PALAVRA VIVA
Rv. Sidney de Freitas Adrião
o livro dos apóstolos
Sumário
i. a igreja em jerusalém
1.
A comissão dos Apóstolos
2.
A Fundação da Igreja de
Jerusalém.
3.
A Descida do Espírito
Santo (1:12-2.13)
4.
A conversão de Saulo de
Tarso.
5.
A Chamada de Paulo
ii – as missões do apóstolo paulo
1. A Primeira Viagem Missionária
2.
A segunda viagem missionária
3. A terceira viagem
missionária
iii – as prisões do apóstolo paulo
1.
O Resumo dos últimos
capítulos de “Atos dos Apóstolos”
2.
A Prisão de Paulo em
Jerusalém (Atos 21, 22 e 23)
3.
A Prisão de Paulo em
Cesaréia (Atos 24, 25 e 26)
4.
A prisão de Paulo em
Roma.
OBREIRO
o livro dos apóstolos
Introdução
1.
Título do livro: O título do livro de “Atos dos Apóstolos” tal como o
conhecemos não fazia parte do livro original mas sim foi lhe dado depois do ano
200 da era cristã. O Evangelho de Lucas e
Os Atos são dois volumes de uma só obra.
Isso fica claro comparando Lc 1.1-4 com At 1.1-4.
2.
Tema do livro: O livro dos Atos contém a
história do estabelecimento e desenvolvimento da igreja cristã, e da
proclamação do evangelho ao mundo então conhecido na época (At 1.8).
3.
Palavras chaves de Atos: “Ascensão”, “descida” e
“expansão”.
4.
Escritor do livro:
a)
Pistas para descobrir o escritor: Considerando a dedicatória do livro a Teófilo (At 1:1;
comparemos com Lc 1:3), a referência a um tratado anterior (1:1), o seu estilo,
o fato de o autor ter sido companheiro de Paulo, o que fica muito claro por
estarem certas partes do livro escritas na primeira pessoa do plural (“nós”), e
ter acompanhado Paulo à Roma (At 27:1; comparemos com Cl 4:14; Fm 24; 2 Tm
4:11), chegamos a conclusão que o livro de Atos
foi escrito por Lucas. A impressão que se dá é que ele teria usado o diário
de viagem como fonte de material.
b)
Quem foi Lucas? Pouco
se sabe dele. Seu nome é mencionado só três vezes no NT . Paulo chama-o de
“médico amado”. O único escritor da Bíblia que não era judeu. A tradição e os
estudiosos dizem que Lucas era homem de cultura e erudição científica, versado
nos clássicos hebraicos e gregos. É possível que tivesse estudado medicina na
Universidade de Atenas.
c)
Relação de Lucas com Paulo: Ficou em Filipos até à volta de Paulo, seis ou sete anos
depois, At 16:40 (“dirigiram-se”), quando tornou a se juntar a ele, 20:6
(“navegamos”) e com ele ficou até o fim, possivelmente até a morte de Paulo em
Roma.
5.
Para quem Atos foi escrito: Foi escrito
particularmente a Teófilo, um nobre cristão, mas de um modo geral a toda a
igreja.
6.
Propósitos do livro
de Atos:
a)
Propósito Informativo/ Evangelístico: Lucas queria informar ao excelentíssimo Teófilo sobre
como o evangelho se propagou desde de Jerusalém a Roma. Teófilo já havia
recebido alguma informação a respeito da fé cristã, e foi para lhe fornecer uma
explicação mais precisa de sua fidedignidade que Lucas, em primeiro lugar,
escreveu a história inicial do Cristianismo, começando do nascimento de João
Batista e de Jesus até o fim dos dois anos de prisão de prisão de Paulo em Roma
(cerca de 61 a .
D.). Atos trata principalmente dos
atos de Pedro e de Paulo, mais deste último.
b)
Propósito Apologético: O livro mostra principalmente como o evangelho se
estendeu aos não judeus (os gentios). O A. T. é a história das relações de
Deus, desde os tempos antigos, com a nação judaica, que tinha a função de
abençoar as outras nações. É no livro de Atos
que a família de Deus deixa de ser uma questão nacional e passa a ter um
sentido universal (intenção divina em At 2:7-11). Assim, o escritor defende
veementemente que o Cristianismo não é um ramo
herético do judaísmo, mas antes, uma elevação e melhoria do judaísmo, com
raízes profundas no mesmo, mas retendo apenas os elementos nobres e úteis,
ficando rejeitados todos os seus males, especialmente a apostasia para a qual
havia decaído, como também o seu escopo provincial.
c)
Propósito Político: Mostrar
aos líderes romanos que o cristianismo não deveria ser temido e perseguido,
como ameaça ou movimento traiçoeiro ao estado romano; pelo contrário, que era
digno da proteção romana, com permissão de funcionar livremente, tal como o
judaísmo havia obtido de seus conquistadores militares. Por este motivo é que o
livro de Atos apresenta os oficiais romanos como ordinariamente favoráveis aos
movimentos dos missionários cristãos. Embora Lucas houvesse escrito após Paulo
haver sido martirizado, e a perseguição de Roma contra os cristãos já houvesse
começado, ele não ignora e nem põe em perigo o seu propósito apologético
encerrando o seu livro numa atitude negativa, a saber, narrando a execução do
maior advogado do cristianismo às mãos das autoridades romanas. (Ver Atos
18:12-17, onde se expõe a idéia da proteção do cristianismo, pelas autoridades
romanas, tal como o judaísmo já vinha sendo protegido pelas leis do império). Lucas,
portanto, quis mostrar que os levantes e as perturbações de ordem pública que
seguiam na cauda do movimento dos missionários cristãos resultavam das perseguições
efetuadas pelos judeus, e não de qualquer espírito malicioso dos próprios
cristãos. Lucas endereçou a sua dupla obra (Lucas-Atos) a um oficial romano, de
nome Teófilo. Por conseguinte,
dirigiu seu trabalho à aristocracia romana, esperando que se os argumentos ali
contidos fossem recebidos e digeridos, o novel movimento cristão viesse a ser
protegido, e não perseguido. Todavia, o seu grande alvo, do ponto de vista
humano, fracassou, porque sobrevieram severas e prolongadas perseguições, desde
muito tempo antes o evangelho de Lucas e do livro de Atos terem sido escritos e
postos em circulação.
d)
Propósito Jurídico: Alguns
estudiosos supõem que um objetivo do Médico amado seria o de usar o relato de Atos dos Apóstolos para ser lido como
sumário de argumento para a defesa, no julgamento de seu amigo, o Apóstolo
Paulo.
e)
I.
a igreja em jerusalém
1.
A comissão dos Apóstolos
Entende-se por comissão o ato de cometer;
encarregar; também significa encargo,
incumbência. Os missiólogos
chamam a missão dada por Jesus aos seus primeiros discípulos de “Grande
Comissão”. Ele ordenou aos onze homens, com os quais mais dividira seu
ministério terreno, que fossem ao mundo inteiro e fizessem discípulos em todas
as nações, Ele lhes disse que ensinassem a esses novos discípulos tudo que
haviam aprendido d’Ele (Mateus 28:18-20). Mais tarde, o apóstolo Paulo deu as
mesmas instruções a Timóteo: "E o que de minha parte ouviste, através de
muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para
instruir a outros" (2 Timóteo 2:2). Mas, somente em nossas próprias forças
não poderemos cumprir nossa comissão. Por isso, o Senhor nos deus uma
capacitação além da natural: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o
Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a
Judéia e Samaria, e até os confins da terra”.
Ma podemos
questionar: Qual o coração da Grande Comissão? Infelizmente, não aparece na
Versão Corrigida, que traduz assim o começo do versículo 19: “Portanto, ide e
ensinai”. Na Atualizada, podemos descobrir o coração da Grande Comissão,
identificando os imperativos (tempos verbais que expressam ordem, determinação)
nela: “Ide” e “fazei discípulos”. Assim como nas traduções inglesas e
espanholas, a Versão Atualizada em português traz dois imperativos. Mas não é assim
na linguagem original. No grego, matheteusate
ou “fazei discípulos” é o único imperativo nesse texto. Os outros três verbos
nos versículos 19 e 20 são gerúndios, ou seja, traduzindo literalmente,
teríamos, por exemplo, indo, em lugar
de ide. Os três gerúndios - “indo”,
“batizando” e “ensinando” - são as três funções indispensáveis de como fazer discípulos. Assim, uma vez que esses versículos não são a
Grande Sugestão, mas, sim, a Grande Comissão, o discipulado é imprescindível
na vida da igreja e na vida de cada cristão. Para David Kornfield, hoje, infelizmente,
a Grande Comissão muitas vezes passa a ser a Grande Omissão. E teremos de prestar contas a Jesus a esse respeito.
Essa Comissão de
Mateus 28.18-20 e paralelamente em Atos
1:8 é grande por, pelo menos, por cinco razões:
a) É Grande em sua Autoridade. Das dezenas ou centenas de mandamentos de Jesus, este é o único em que Jesus se veste de
toda a autoridade do Universo. Ele se coloca como Rei dos reis e Senhor dos
senhores. Na época bíblica, um súdito que ignorasse ou negligenciasse um
mandato declarado com toda a autoridade real arriscava a própria vida. É com
essa autoridade que fazemos a obra do Senhor (At 1:8).
b) É Grande em seu Efeito Multiplicador. É assim que o reino de Deus pode explodir! Até então, havia só um
discipulador multiplicando-se em outros - Jesus Cristo. Agora vem a Comissão
para começar um movimento multiplicador, contra o qual nem as portas do inferno
prevalecerão. Pouco depois, os discipuladores não eram só 11, mas 120. Um pouco
mais depois não eram só 120, mas milhares. De pouco em pouco!
c) É Grande por sua Extensão Geográfica. Estende-se a todas as nações. Várias vezes o próprio
Jesus limitou seu ministério e ordenou que os apóstolos também limitassem seus
ministérios aos judeus. Aqui, ele abre o leque e abraça todo o mundo. na
Comissão de fazer discípulos em todas as nações, encontramos o coração de
missões mundiais. Deus não admitiu que Sua igreja entrasse em um ostracismo,
vivendo só para si, e encapsulada em um único ponto geográfico. Ele quer, na
verdade, que Seu povo se expanda territorialmente e anuncie o evangelho a toda
criatura, tanto é que esse foi o
objetivo da perseguição
de Atos 8: 1-4. A ordem que aparece em Atos
1:8 não é cronológica, ou seja, Cristo não falou para evangelizar primeiro
Jerusalém, segundo Judéia, terceiro
Samaria e por último os confins da Terra. Essa interpretação é errada,
perigosa, e fora da vontade do Senhor. O próprio texto de Atos 1:8 deixa claro
que Jesus determinou que a obra da Sua igreja na Terra deveria ser desenvolvida
simultaneamente nas três dimensões que Ele deseja que o Evangelho seja pregado.
Isso fica claro nas expressões: “tanto em”; “como em”; e “até os”.
d) É
Grande por sua Extensão a todos os aspectos da vida. Jesus nos chama a ensinar outros a guardarem tudo o que
Ele ensinou. Esse mandato inclui toda a humanidade e, mais do que isso, implica
não apenas o ensino, mas a prática desses mandamentos. No discipulado, o ensino
sempre tem por fim a prática. Ou seja, o ensino que não leva à pratica não é
discipulado.
e) É
Grande por sua Extensão no Tempo.
Estende-se até a consumação do século, até a volta de Cristo. Cada pastor e
igreja que se envolve no discipulado conforme o exemplo de Jesus constrói os
alicerces para um movimento que fluirá de sua igreja a todas as nações, até a
consumação dos séculos.
2.
A Fundação da Igreja de Jerusalém:
a) Na festa de Pentecostes, em 30 ou 33
d.C, deu-se o aniversário da Igreja. 50 dias depois da crucifixão de Jesus. 10 dias após sua Ascensão. Pensa-se que esse Pentecostes caiu no
primeiro dia da semana. A festa de Pentecostes era também chamada festa das
Primícias da colheita eram por essa ocasião apresentadas a Deus. Outrossim,
comemorava a promulgação da Lei no Sinai. Apropriava-se, pois, para ser o dia
da promulgação do Evangelho e da recepção das primícias da colheita mundial do
mesmo Evangelho. Jesus, em Jo 16:17-24, tinha falado da inauguração da época do
Espírito Santo. E agora, está sendo de fato inaugurada, numa poderosa manifestação
milagrosa do Espírito Santo, com o som como de um vento impetuoso, e com
línguas como de fogo pousando sobre cada um dos Apóstolos, esta feita para
representantes do mundo inteiro, a judeus e a prosélitos ao judaísmo reunidos
em Jerusalém para celebrar o Pentecostes, vindo de todas as terras do mundo que
então se conheciam (mencionando-se 15 nações, 2:9-11) – e os Apóstolos da
Galiléia falavam para eles nas suas próprias línguas.
b) O Sermão de Pedro (2:14-16). O espetáculo espantoso de
Apóstolos falando, sob a influência das línguas de fogo, nas línguas de todas
as nações ali representadas. Isto, segundo a explicação de Pedro, vv. 15-21,
era o cumprimento da Profecia registrada em Jl 2:28-32. Pode ser o que
aconteceu naquele dia não foi o cumprimento total e final daquela profecia, e
que aquilo seria o começo apenas, de uma era grandiosa e notável que foi iniciada;
a profecia pode se aplicada também, ao fim desta era.
c) O Cumprimento das Profecias. Nota-se as declarações
repetidas que o que acontecia já tinha sido predito: A traição de Judas,
1:16-20; a Crucifixão, 3:18; a Ressurreição, 2:25-28; a Ascensão de Jesus,
2:33-35; a vinda do Espírito Santo, 2:17. "Todos os profetas",
3:18-24.
3. A Descida do Espírito Santo (1:12-2.13)
O rei Davi planejou a edificação do templo
e reuniu os materiais necessários. Mas foi Salomão, seu sucessor, quem o erigiu
(1 Cr 29: 1,2). Jesus igualmente planejou a Igreja durante seu ministério
terreno (Mt 16:18; 18:17). Preparou os materiais humanos, porém deixou ao seu
sucessor e representante, o Espírito Santo, o trabalho de erigi-la. Foi no dia
de Pentecoste que esse templo espiritual foi construído e cheio da glória do
Senhor (cf. Êx 40:34,35; 1 Rs 8:10,11; Ef 2:20). O dia de Pentecoste era a
inauguração da Igreja, e o cenáculo, o local dessa comemoração.
a) O
Dia de Pentecostes
"E, cumprindo-se o dia de
Pentecostes…" O nome "Pentecoste" (derivado da palavra grega
"cinqüenta") era dado a uma festa religiosa do Antigo Testamento. A
festa era assim denominada por ser realizada 50 dias após a Páscoa (ver Lv
23:15-21). Observe sua posição no calendário das festas. Em primeiro lugar
festejava-se a Páscoa. Nela se comemorava a libertação de Israel no Egito.
Celebravam a noite em que o anjo da morte alcançou os primogênitos egípcios,
enquanto o povo de Deus comia o cordeiro em casas marcadas com sangue. Esta
festa tipifica a morte de Cristo, o Cordeiro de Deus, cujo sangue nos protege
do juízo divino. No sábado, após a noite de Páscoa, os sacerdotes colhiam o
molho da cevada, previamente selecionado. Eram as primícias da colheita, que
deviam ser oferecidas ao Senhor. Cumprido isto, o restante da colheita podia
ser ceifado. A festa tipifica Cristo, "as primícias dos que dormem"
(1 Co 15:20). O Senhor foi o primeiro ceifado dos campos da morte para subir ao
Pai e nunca mais morrer. Sendo as primícias, é a garantia de que todos quantos
nele crêem seguí-lo-ão pela ressurreição, entrando na vida eterna.
Quarenta e nove dias eram contados após o
oferecimento do molho movido diante do Senhor. E no qüinquagésimo dia – o
Pentecoste – eram movidos diante de Deus dos pães. Os primeiros feitos da ceifa
de trigo. Não se podia preparar e comer nenhum pão antes de oferecer os dois
primeiros a Deus. Isto mostrava que se aceitava sua soberania sobre O mundo.
Depois, outros pães podiam ser assados e comidos. O significado típico é que os
120 discípulos no cenáculo eram as primícias da igreja cristã, oferecidas
diante do Senhor por meio do Espírito santo, 50 dias após a ressurreição de Cristo.
Era a primeira das inúmeras igrejas estabelecidas durante os últimos 19
séculos.
O Pentecoste foi a evidência da
glorificação de Cristo. Para Myer Pearlman, a descida do Espírito era como um
"telegrama" sobrenatural, informando a chegada de Cristo à mão
direita de Deus. Também testemunhava que o sacrifício de Cristo fora aceito no
Céu. Havia chegado a hora de proclamar sua obra consumada. O Pentecoste era a
habilitação do Espírito no meio da Igreja. Após a organização de Israel, no
Sinai, o Senhor veio morar no seu meio, sendo sua presença localizada no
Tabernáculo. No dia de Pentecoste, o Espírito Santo veio habitar na Igreja, a
fim de administrar, dali, os assuntos de Cristo.
b) O Falar em Línguas
Apareceu em seguida a realidade da qual o
vento é símbolo: "E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a
falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que
falassem". O que produz esta manifestação? O impacto do Espírito de Deus
sobre a alma humana. É tão direto e com tanto poder, que a pessoa fica
extasiada, falando de modo sobrenatural. Isto pelo fato de a mente ficar
totalmente controlada pelo Espírito. Para os discípulos, era evidência de
estarem completamente controlados pelo poder do Espírito prometido por Cristo.
Quando a pessoa fala uma língua que nunca aprendeu, pode ter a certeza de que
algum poder sobrenatural assumiu o controle sobre ela. Alguns argumentaram que
a manifestação do falar em línguas limitou-se à época dos apóstolos. Aconteceu
para ajudá-los a estabelecer o Cristianismo, uma novidade naquela época. Não
existe, no entanto, limites à continuidade dessa manifestação no Novo
Testamento.
Mesmo no quarto século depois de Cristo,
Agostinho, o notável teólogo do Cristianismo, escreveu: "Ainda fazemos
como fizeram os apóstolos, quando impuseram as mãos sobre os samaritanos,
invocando sobre eles o Espírito mediante a imposição das mãos. Espera-se por
parte dos convertidos que falem em novas línguas". Ireneu (115-202 d.C.),
notável líder da Igreja, era discípulo de Policarpo, que por sua vez foi
discípulo do apóstolo João. Ireneu escreveu: "Temos em nossas igrejas
muitos irmãos que possuem dons espirituais e que, por meio do Espírito, falam
toda sorte de línguas".
A Enciclopédia
Britânica declara que a glossalália (o falar em línguas) "ocorreu em
reavivamentos cristãos durante todas as eras: por exemplo, entre os frades
mendicantes do século XIII, entre os jansenistas e os primeiros quaquers, entre os convertidos de Wesley
e Whitefield, entre os protestantes perseguidos de Cevennes, e entre os
irvingistas". Podemos multiplicar as referências, demonstrando que o falar
em línguas, por meios sobrenaturais, tem ocorrido em toda a história da Igreja.
(Nota: O falar em línguas nem sempre é em língua conhecida. Ver 1 Co 14.2).
Conquanto a tivesse precedido um longo
período de "incubação" inconsciente, sem dúvida alguma a conversão de
Paulo foi repentina. Ele não conseguira banir da mente o rosto do mártir
moribundo – "como se fosse rosto de anjo". Nem podia ele esquecer-se
da última oração pungente de Estevão: "Senhor, não lhes imputes este
pecado" (Atos 7:6).
O Espírito Santo, sempre ativo, havia
preparado o palco, no decorrer dos anos, para este grandioso confronto e
capitulação. O raio luminoso cegante encontrou uma vasta quantidade de material
inflamável no coração do jovem perseguidor. O milagre aconteceu em pleno
meio-dia. Paulo viu a Jesus em toda a sua glória e majestade messiânicas. Não
se tratava de mera visão, pois ele classifica o fato como a última aparição do
Salvador a seus discípulos, e o coloca no mesmo nível de suas aparições aos
outros apóstolos. Sua declaração é clara e inequívoca.
E apareceu a Cefas, e, depois, aos doze.
Depois foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a
maioria sobrevive até agora, porém alguns já dormem. Depois foi visto por
Tiago, mais tarde por todos os apóstolos, e, afinal, depois de todos, foi visto
também por mim, como por um nascido fora de tempo (I Coríntios 15:5-8).
Não foi um êxtase, mas uma aparição real e
objetiva do Cristo ressurreto e exaltado, vestido de sua humanidade
glorificada. Paulo convenceu-se de imediato de que Cristo não era um impostor.
Quão diferente foi a entrada em Damasco daquela que o inquisidor havia imaginado!
"E, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia… mas, levanta-te, e
entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer… Então se levantou Saulo
da terra e, abrindo os olhos, nada podia ver. E, guiando-o pela mão, levaram-no
para Damasco" (Atos 9:4-8). Paulo entrou cativo em Damasco, acorrentado à
roda da carruagem de seu Senhor vencedor. Fora tudo estava escuro, mas dentro
tudo era luz.
A rendição de Paulo ao Senhorio de Cristo
foi imediata e absoluta. Desde o momento em que ele reconheceu que Jesus não
era um impostor, mas o Messias dos judeus, ele ficou sabendo que só poderia
haver uma resposta. Toda a história se resume nas suas duas primeiras
perguntas: "Quem és tu, Senhor?" "Que farei, Senhor?" (Atos
22:8,10). A verdadeira conversão sempre resulta em rendição à vontade de Deus,
pois a fé salvadora implica obediência (Romanos 1:5).
Quão surpreendente foi a estratégia
vitoriosa de Deus! C.E. Macartney escreve: "O mais amargo inimigo
tornou-se o maior amigo. A mão que escrevia a acusação dos discípulos de
Cristo, levando-os à presença dos magistrados e para a prisão, agora escrevia
epístolas do amor redentor de Deus. O coração que bateu de júbilo quando
Estêvão caiu sobre as pedras sangrentas, agora se regozijava em açoites e
apedrejamentos por amor de Cristo. Do outrora inimigo, perseguidor, blasfemador
proveio a maior parte do Novo Testamento, as mais nobres declarações de
teologia, os mais doces poemas de amor cristão" (J.O. Sanders, p.28).
5. A Chamada de Paulo
O chamado de Deus
veio a Paulo de forma tão clara e específica que não lhe foi possível
confundi-lo, enquanto jazia deitado no chão cego pela luz celestial. Ananias
também comunicou-lhe a mensagem que havia recebido de Deus: "O Deus de
nossos pais de antemão te escolheu para conheceres a sua vontade, ver o Justo e
ouvir uma voz da sua própria boca, porque terás de ser sua testemunha diante de
todos os homens, das coisas que tens visto e ouvido" (Atos 22:14-15).
Mais tarde, quando
Paulo voltava para Jerusalém, sobreveio-lhe um êxtase, e viu aquele que lhe
falava e que lhe disse: "vai, porque eu te enviarei para longe aos
gentios" (Atos 22:17,18,21). A Ananias, cujo temor bem podemos
compreender, comissionado por DEUS para dar as boas-vindas ao notório
perseguidor da Igreja cristã, Deus também indicou a esfera de testemunho para a
qual ele havia chamado Paulo: "Mas o Senhor lhe disse [a Ananias]: Vai,
porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante
os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei
quanto importa sofrer pelo meu nome" (Atos 9:15-16).
Paulo revelou outra
faceta de seu chamado ao se defender perante Agripa: "Ouvi uma voz que me
falava… Levanta-te e firma-te sobre teus pés, porque por isto te apareci para
te constituir ministro e testemunha, tanto das coisas em que me viste como
daquelas pelas quais te aparecerei ainda; livrando-te do povo e dos gentios,
para os quais eu te envio, para lhes abrir os olhos e convertê-los das trevas
para a luz e da potestade de Satanás para Deus" (Atos 26:14-18).
Assim, desde os
primeiros dias de sua vida cristã, Paulo não somente sabia que era um veículo
escolhido por meio de quem Deus comunicaria sua revelação, mas tinha uma idéia
geral do que Deus havia planejado para seu futuro: (a) Seu ministério o levaria
para longe do lar; (b) Ele teria um ministério especial entre os gentios; (c)
Esse ministério lhe traria grande sofrimento. Só aos poucos ele chegou a
compreender que este chamado não era tanto um novo propósito de deus para sua
vida, quanto a culminação do processo preparatório iniciado antes de seu
nascimento.
Assim é hoje. O chamado do dirigente
cristão não é tanto um novo propósito para sua vida quanto a descoberta do
propósito para o qual Deus o trouxe ao mundo. O Senhor havia dito aos seus
discípulos que os postos de liderança no seu Reino dependiam da soberana
nomeação de seu Pai. "Quanto, porém, ao assentar-se à minha direita ou à
minha esquerda… é para aqueles a quem está preparado" (Marcos 10:40).
Paulo reconhecia esta verdade, mas só aos poucos ele chegou a um claro
entendimento do trabalho que Deus tinha para ele.
Só depois que os judeus rejeitaram de forma
consistente sua mensagem é que Paulo se devotou quase que exclusivamente aos
gentios. Sua experiência em Corinto chegou a uma fase decisiva. "Paulo se
entregou totalmente à palavra, testemunhando aos judeus que o Cristo é Jesus.
Opondo-se eles e blasfemando, sacudiu Paulo as vestes e disse-lhes. Sobre a
vossa cabeça o vosso sangue! eu dele estou limpo, e desde agora vou para os gentios"
(Atos 18:5-6).
Alguns anos após a
sua conversão, este chamado inicial foi renovado e confirmado pela igreja de
Antioquia onde ele havia trabalhado por um ano. "E, servindo ele [os
dirigentes] ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me agora a
Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado" (Atos 13:2). De modo
que o chamado geral se tornou específico, e eles alegremente partiram,
"enviados pelo Espírito Santo". O primeiro passo no cumprimento da
grande comissão do Senhor e o começo do importante empreendimento missionário
de amplitude mundial havia sido realizado com segurança.
ii – as missões do apóstolo paulo
Sabemos que o
conceito teológico de Missões é tríplice: a igreja tem uma missão de adorar a
Deus em espírito em verdade; tem uma incumbência de edificar a si própria; e
tem a grande comissão de evangelizar o mundo. Como referencial de obreiro que
Paulo foi, atuou nessas três obras. Entretanto, vamos delimitar a prática missiológica
paulina somente às suas heróicas viagens missionárias.
O ambiente de
trabalho missionário do apóstolo Paulo foi o Império Romano.
Inserir mapa do I R
Antes propriamente
de entrarmos em suas viagens, é interessante ter em mente a cronologia da vida
do Apóstolo aos gentios. Vejamos:
5 d.C. Nascimento em Tarso, da Cilícia
20-26 Estudos em Jerusalém
26-32
Estudos em Tarso
32-37 Conversão na estrada de Damasco, Atos 9
37-39 Viagem pela Arábia. Gl. 1
35-43
Prega em Tarso e
noutros lugares da Cilícia, Atos 9 e Gálatas 1.
43-44 Prega com Barnabé em Antioquia, Atos 11
44-45 Viagem a Jerusalém, durante a fome, Atos 11
45-47 Primeira viagem missionária, Atos 13-14
47-49 Reside em Antioquia da Síria, Atos 11
49 Faz-se presente ao concílio de
Jerusalém. Atos 15
49-51 Segunda viagem missionária, Atos 15-18
51-56 Terceira viagem missionária, Atos 18-21
56 Aprisionamento em Jerusalém, Atos 21
56-58 Paulo na Prisão em Cesaréia, Atos 23
58-59 Viagem a Roma, Atos 27
59-61 Confinamento em Roma, Atos 26
61-64 (?) Viagens
à Espanha, Creta, Macedônia, Grécia, não mencionadas em Atos, embora indicadas
em outros documentos como no cânon muratoriano e nas epístolas de Clemente.
Algumas indicações destas viagens existem nas epístolas pastorais.
64-67 Execução em Roma, durante as perseguições movidas por
Nero.
1.
A Primeira
Viagem Missionária
Em geral, Os Atos relatam três viagens missionárias de Paulo. Essa narrativa
às vezes é mui detalhada, às vezes resumida demais. O principal é o seguinte:
todas as três viagens começam e terminam na comunidade gentio-cristã de
Antioquia e não na comunidade judeu-cristã de Jerusalém (as epístolas confirmam
isso); geralmente Paulo dirigia-se primeiro a seus patrícios mas bem depressa
era obrigado a procurar os pagãos.
a)
Resumo e itinerário
b)
Primeira
viagem missionária: Barnabé e Paulo vão aos gentios, Atos 13:1-14:29. Missão a
Chipre, 13:4-12. Missão à Galácia, 13:13-14:28. Missão de Pafos a Perge, 13:13.
Missão a Antioquia da Psidia, 13:14-52. Missão a Icônio e Listra, 14:1-18.
Missão a Icônio, 14:1-7, Missão a Listra, 14:8-18. Retorno a Antioquia da
Síria, 14:19-28.
c)
A Missão da
Primeira Viagem
Lucas conservou-nos uma preciosa
notícia sobre a organização da comunidade de Antioquia e a liturgia (Atos 13:
1-3).
A primeira etapa da
missão foi a ilha de Chipre, de onde Barnabé era originário. O que interessa a
Lucas é o primeiro contato do apóstolo Paulo com um magistrado romano, Sérgio
Paulo, senador, antigo pretor, muito conhecido por inscrições. Sua família
vinha de Antioquia da Pisídia.
Na narração de
Lucas, o nome Paulo toma dali em diante o lugar de Saulo: não se pode deduzir
daí que Saulo tenha adotado o nome do seu ilustre convertido. Ter um duplo nome
era então corrente nos meios bilíngües, como o da família de Paulo. Junto ao
governador, Paulo teve de enfrentar um mágico de origem judaica, Elimas (At.
13,8). O sucesso das ciências ocultas era grande na época; o que pode surpreender
é que um judeu as pratique. Segundo os
Atos, Paulo terá outras ocasiões de se confrontar com mágicos. Na sua carta aos
Gálatas, ele classifica as práticas de feitiçaria (pharmakeia) na categoria das obras da carne, próximas da idolatria
(Gl. 5,20).
Nas suas cartas,
Paulo não faz alusão à missão de Chipre, para onde ele não terá ocasião de
voltar. Por que ele abandona a ilha sem a ter visitado toda? Paulo que toma a
frente da expedição em direção à Anatólia através dos desfiladeiros do Tauro,
covil de bandidos. Mais tarde Paulo fará alusão aos perigos corridos na estrada
(2Cor 11,26). Primo de Barnabé, o jovem João Marco teve medo da aventura e abandonou
o grupo. Paulo não o perdoou, a princípio.
a) O discurso de antioquia da pisídia
Quando Paulo
chegava numa cidade qualquer, ele começava indo à sinagoga. Lá, ele podia
entrar em contato com os judeus do lugar e os “ tementes a Deus ” , pagãos
atraídos para o judaísmo (At 13,26). Como amostra da pregação de Paulo, Lucas
nos conservou o discurso de Antioquia da Pisídia (At 13,14-41). Esta era uma
colônia romana, fundada por Augusto para instalar aí os veteranos da legio V
Gallica. O Sérgio Paulo que
se instalou aí devia ser um dos oficiais superiores desta legião.
O discurso
de Paulo não tem equivalentes nas Cartas, mas é fácil encontrar um certo número
de temas pertencendo à apologética cristã primitiva. Ele se coloca no contexto
litúrgico tradicional: depois da leitura de uma passagem da Lei e de uma outra,
tirada da coletânea dos profetas, os chefes da sinagoga convidam os visitantes
a pronunciar algumas palavras de exortação. Paulo não se fazia de rogado!
O texto de Lucas
tem a marca da retórica da época. Do
ponto de vista das idéias, o discurso contém uma retrospectiva da história de
Israel até Davi.
Ainda que dirigido
em prioridade aos judeus, o discurso continha uma ponta universalista: a palavra
da salvação vale para os filhos de Abraão como para todos os que temem a Deus
(v.26). Sobretudo, ele esboçava uma crítica contra a Lei de Moisés, incapaz de
trazer a salvação (v.38). O sucesso junto aos não-judeus apenas aumentou a
irritação dos filhos de Abraão. Para se justificar, Paulo declara: “ É a vós por primeiro que devia ser
dirigida a palavra de Deus ”(v.46). Paulo será fiel a este por primeiro, como se vê pela declaração
de princípio de Rm 1,16: “ O Evangelho é
o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, do judeu primeiro, e depois do grego”.
Para legitimar a
sua passagem para as nações, Paulo cita então uma passagem dos cantos do Servo,
que tem uma grande importância na apologética cristã primitiva: “Destinei-te a
seres luz das nações, a fim de que a minha salvação esteja presente até a
extremidade da terra” (Is 49.6). Este texto vale em primeiro lugar para Cristo,
mas Paulo o aplicou a si mesmo, como mostra Gl 1.15. Assim, portanto, Paulo,
servo de Cristo, descobre a sua missão ao reler a Escritura.
b) Pregação aos pagãos de Listra e retorno
Nas cidades que Paulo e Barnabé vão
atravessar, o mesmo cenário se reproduz. Como Por exemplo em Icônio (At
14,1-7), a pátria de santa Tecla segundo os Atos de Paulo (acima, p.16s). Em
2Tm 3.13 também se fala dos sofrimentos suportados por Paulo em Antioquia,
Icônio e Listra. Nesta última cidade, um incidente tragicômico manifesta bem a
credulidade do povo e a dificuldade para os Apóstolos de fazerem-se compreender
por uma população pouco helenizada. Uma cura provoca o entusiasmo e o povo logo
quer oferecer um sacrifício, como se Barnabé e Paulo fossem Zeus e Hermes em
visita.
No caminho de
volta, os apóstolos confirmam os discípulos lembrando-os do sentido cristão da
provação: “É necessário que passemos por
muitas tribulações para entrar no Reino de Deus” (At 14,22). Para dirigir
as comunidades, Paulo e Barnabé designaram-lhe anciãos (presbyteroi). Este termo era tradicional nas comunidades judaicas
para designar os responsáveis. Não surpreende que tenha sido retomado pelos judeu-cristãos:
em Jerusalém, a primeira menção aparece já em At 11,30. Por outro lado, não o encontramos
nas cartas de Paulo, exceto nas epístolas pastorais, redigidas provavelmente
por um discípulo: os anciãos são instituídos por imposição das mãos (1Tm 5,22).
Enquanto Paulo pudesse seguir por si mesmo a vida das congregações, a
instituição dos ministérios podia permanecer na sombra. Isto não impede que
Paulo tivesse a preocupação de apoiar aqueles que haviam aceitado tomar a direção
das comunidades, como em Tessalônica ou em Corinto.
Tendo partido de
Antioquia com o apoio dos fiéis, os missionários voltam para contar “tudo o que Deus realizara com eles, e,
sobretudo como tinha aberto aos pagãos a porta da fé” (At 14,27). Atmosfera
de alegria e de ação de graças, bem à maneira de Lucas! Mas os obstáculos foram
todos afastados?
2. A
segunda viagem missionária
a)
Resumo e itinerário
Segunda
viagem missionária: Paulo vai à Europa, 16:1-18:17: Galácia e A. Menor,
16:1-10. Timóteo e Paulo, 16:1-5 Missão a Trôade, 16:6-10. Trabalho na
Macedônia, 16:11-17:15. Em Filipos, 16:11-50. Em Tessalônica, 17:1-9. Em
Beréia, 17:10-15. Na Acaia, 17:16-18:17. Esta última fase inclui Atenas e
Corinto.
b)
A missão da segunda
viagem
Segunda
viagem (49-52; At 15,36-18,22). P. não demorou muito em Antioquia, mas visitou
com Silas as comunidades cristãs da Síria, da Cilicia, de Derbe, Listra e
Antioquia da Pisídia. Em Listra conheceu Timóteo, que se tornou um dos
colaboradores mais fiéis do apóstolo (15,35-16,5). Daí surgiu com Silas para a
Frígia, a terra dos gálatas, onde foi detido por uma doença e recebido “como um
anjo de Deus”, como o próprio Cristo (Gl 4,13-15).
Depois de
atravessar a Míssil chegou em Tróade (16,6-8), onde se encontrou com um médico,
Lucas, que se juntou à sua companhia. No mesmo lugar teve a visão noturna do
Macedônia, clamando por socorro. Seguiu imediatamente para a Macedônia e via
Neápolis para Filipos, onde foi fundada uma comunidade muito florescente,
composta quase exclusivamente de gentios (16,11-40;1 Ts 2,2), que mostrou grande
afeição para com P. (Flp 1,3-8.10-16). Os magistrados da cidade mandaram
prender P. e Silas; mas, durante a noite, foram soltos por serem cidadãos
romanos.
Pela Via
Egnatia os missionários continuaram sua viagem, por Anfípolis e Apolônia, até
Tessalônica. Aí P. pregou durante três semanas na sinagoga e converteu
numerosos “tementes a Deus” e alguns judeus, teve também muitas conversas nas
casas particulares (1 Ts 2,11s), sobretudo à noite, porque de dia exercia a sua
profissão (2,7-10). Apesar da oposição de alguns (2,14), Paulo fundou uma
comunidade florescente, composta sobretudo de gentio-cristãos.
De
Tessalônica P. e Silas partiram para Beréia, onde numerosos judeus e gentios da
elite foram conquistados para o cristianismo, até que P., pelas ameaças dos
judeus, foi obrigado a abandonar a cidade. Deixou Silas e Timóteo em Beréia e
viajou sozinho a Atenas (17,1-5); aí Timóteo se ajuntou a P., mas foi mandado
de volta a Macedônia (1 Ts 3,1-6).
O Apóstolo
aos gentios entristeceu-se profundamente por esse fracasso (1 Ts 3,3s) e desanimou
(cf. 1Cor 2,3). Nesse estado chegou a Corinto, com o firme propósito de
renunciar doravante à eloqüência e sabedoria humanas, e de só conhecer e pregar
o Cristo crucificado (1 Cor 2,2). Em Corinto esteve durante 18 meses hospedado
com Áquilas e Priscila. Nos dias de semana exercia a sua profissão; nos sábados
pregava na sinagoga. Quando Silas e Timóteo, porém, lhe trouxeram ajuda
financeira dos filipenses (2 Cor 11,9; Fp 4,16), dedicou-se ele inteiramente à
pregação. Converteu alguns judeus (18,8; 1 Cor 1,14) e muitos pagãos,
principalmente das classes mais baixas, sem cultura (1 Cor 1,26).
Em
Corinto, Paulo escreveu 1Tes e 2Tes. Invejosos do seu sucesso, os judeus o
acusaram diante de Galião, provavelmente no princípio de seu consulado (meados
de 52), como propagandista de um “religião ilícita”. Galião, porém, rejeitou a
acusação dos judeus. Em Corinto o apóstolo embarcou-se para a Síria, junto com
Áquilas e Priscila. Deixou seus companheiros em Éfeso, aterrou em Cesaréia,
visitou talvez Jerusalém, e voltou para Antioquia (At 18,18-22).
3. A terceira viagem missionária
a)
Resumo e itinerário
Terceira viagem missionária: Paulo vai à Ásia Menor,
18:18-19:41. Viagem de confirmação das igrejas, 18:18-23, Apolo, 18:24-28.
Paulo em Éfeso, 19:1-41. Retorno à A. Menor, 19:1=12. Paulo e os exorcistas,
19:13-20. Planos de Paulo sobre o futuro, 19:21-22. O levante em Éfeso,
19:23-41.
b)
A missão da
terceira viagem
Terceira viagem (53-58; At 18,23-21,14). Pouco depois
partiu novamente para a Galácia (cf. Gl 4,13), onde reinavam a piedade e a paz
nas comunidades cristãs (1,6; 5,7), atravessou a Frígia, as montanhas do centro
da Ásia Menor e o vale do Meandro, e chegou a Éfeso (At 18,23; 19,1.8.10;
20,31). Aí Priscila e Áquilas já haviam completado a instrução cristã de Apolo,
judeu alexandrino douto e eloqüente que com zelo e sucesso pregara o
cristianismo na sinagoga, e já partira para Corinto (18,24-28; 19,1).
Em Éfeso Paulo conheceu também uma dúzia de discípulos de
João Batista, que ele ganhou para o cristianismo (19,2-7), e pregou durante
três meses na sinagoga. Como a maior parte dos judeus continuava incrédula, dirigiu-se
aos pagãos, pregando no auditório de um tal de Tirano, provavelmente um retor
grego.
Lucas narra detalhadamente alguns episódios das
atividades de P. em Éfeso; curas e expulsão de demônios, a destruição de um
grande número de livros de magia (19,11-19) e o tumulto que, depois de três
anos, ocasionou o fim da estadia de P. naquela cidade (19,23-20,1). At 19,20.26
refere-se em termos vagos à propagação do cristianismo “por toda a Ásia”. De
fato, abrira-se para P. em Éfeso “uma porta larga e poderosa” (1Cor 16,9); quem
a abriu foi ele mesmo e os seus colaboradores (Timóteo, Tito, Erasto, Gaio,
Aristarco e Epafras: At 19,22,29; 2Cor 12,18; Cl 1,7); e fundaram-se
comunidades cristãs em Colossos, Laodicéia, Hierápolis (Cl 1,7; 2.1; 4,12s),
Tróade (At 20,5-12; 2Cor 2.12) e mui provavelmente também em Esmirna, Tiatira,
Sardes e Filadélfia (Ap 1:11).
Em éfeso
Paulo sofreu muitas e duras provações: perseguições da parte dos judeus (20:19;
cf. 21:27), uma determinada tribulação que “acima de suas forças” o oprimiu, a
ponto de ele “perder a esperança de conservar a vida” (2Cor 1:8), uma doença ou
perigo mortal (cf. 2Cor 1:9s; 11:23), uma luta contra as feras (1Cor 15:32),
seja em sentido literal, seja em sentido metafórico, de uma luta contra homens
maus e violentos; afinal, em Rm 16:4 Paulo fala num perigo mortal, do qual foi
salvo por Priscila e Áquilas; esse acontecimento desconhecido deve-se localizar
provavelmente em Éfeso.
Além disso Paulo andava muito preocupado com algumas
comunidades cristãs. Os gálatas quase deixaram afastar-se dele pelos
judaizantes; escreveu-lhes Gálatas. Na comunidade de Corinto infiltraram-se
graves abusos morais. Paulo reagiu numa carta que se perdeu (1Cor 5:9), e
mandou Timóteo e Erasto a Corinto (At 19:22; 1Cor 4:17).
Depois, vieram de Corinto alguns cristãos com uma carta
da comunidade, na qual se propunham a P. diversas perguntas. A essa carta P.
respondeu com 1 Cor, provavelmente em 55. Entretanto, chegaram a Corinto alguns
judeu-cristãos que minaram a autoridade de Paulo. Esse resolveu então ir
pessoalmente a Corinto (2Cor 2:1; 12:14; 13:1s). Esta “visita intermediária”
efetuou-se em tristeza, pois Paulo não conseguiu quebrar a desconfiança dos
coríntios, e foi até ofendido por um cristão (2Cor 2:1.5; 7:12; cf. 12:21).
Demorou pouco, e voltou a Éfeso, de onde dirigiu “com
muitas lágrimas” uma terceira carta aos coríntios (2Cor 2:4,9; 7:8,12). Tito
foi portador dessa carta, que não foi guardada. Nela Paulo exigia desagravo e a
submissão da comunidade (2Cor 2:9).
Enquanto aguardava o resultado da carta e da missão de
Tito, Paulo foi obrigado a deixar Éfeso. Viajou para Tróade (20:1; 2Cor 2:13),
onde esperava encontrar-se com Tito. Quando esse demorava, embarcou para Macedônia.
Aí encontrou-se com Tito (provavelmente em Filipos) e ouviu, com muita alegria,
que os coríntios se submetiam.
Da Macedônia escreveu-lhes 2Cor (em 57). Depois de uma
visita às comunidades da Macedônia e, talvez, depois de uma viagem pela Ilíria
(Rm 15:19), Paulo cumpriu a promessa já antiga de visitar Corinto (1Cor 16:5),
onde ficou três meses (At 20:3). Em Corinto P. escreveu Rm (fins de 57 ou princípios
de 58), para preparar uma visita há muito planejada (At 29:21).
Para terminar essa viagem, Paulo queria viajar por mar a
Síria, junto com os representantes das comunidades que haviam arrecadado
dinheiro para os cristãos, mas, por causa de um atentado contra a sua vida,
tramado pelos judeus, viajou por terra. Em Filipos, Lucas ajuntou-se a ele; em
Tróade esperavam-no os companheiros de viagem. Em Tróade tomaram o navio para
Mileto, onde P. mandou chamar os anciãos de Éfeso, para se despedir; pressentia
que nunca mais os veria (20:1-38). Depois navegaram até Tiro, onde profetas
tentaram convencer P. que não fosse a Jerusalém. P., porém, continuou sua
viagem até Ptolemaide e daí por terra até Cesaréia, onde durante vários dias
foi hóspede de Filipe, um dos Sete (At 6:5). Um profeta da Judéia, Ágabo,
predisse que em Jerusalém esperavam-no algemas e prisão, mas P. não se deixou
reter (21:1-16).
iii – as prisões do apóstolo paulo
5. O Resumo dos últimos capítulos de “Atos dos
Apóstolos”
·
Visita final de
Paulo à Macedônia e à Acaia, 20:1-4.
·
Paulo vai a
Jerusalém, 20:1-6. De Filipos a Mileto, 20:5-16. Defesa de Paulo ante os anciãos de Éfeso, 20:17-38. De Mileto
ante a Cesaréia, 27:1-14. Paulo com a igreja em Jerusalém, 21:15-26.
·
Paulo, prisioneiro
em Roma, 21:27-28:31.
a.
Detenção e defesa,
21:27-22:29.
b.
Perante o sinédrio,
22:30-23:11.
c.
Transferência para
Cesaréia, 23:12-35.
d.
Em Cesaréia,
24:1-26:32. Paulo e Félix, 24:1-27. Paulo e Festo, 25:1-27. Defesa de Paulo
perante Agripa, 26:1-32.
e.
Viagem a Roma,
27:1-28:16.
f.
Paulo em Roma,
28:17-31.
g.
6. A Prisão de Paulo em Jerusalém (Atos 21, 22 e 23)
a)
O objetivo da viagem a
Jerusalém (21:1-16)
Entregar
a oferta proveniente das igrejas gentílicas para os crentes pobres de
Jerusalém. Foi uma grande oferta. Paulo levou um ano a arrecadá-la, 2 Co 8:10. Todavia,
foi avisado muitas vezes, ao passar pelas cidades da Ásia, que essa viagem
resultaria em prisão, 20:23. Em Tiro, 21:4, e em Cesaréia, 21:11, o aviso foi
repetido com ênfase especial. De cada vez é o Espírito quem adverte. Até Lucas
fez coro na rogativa, 21:12; Mas estava arraigado, definitivamente, no espírito
de Paulo que aquela era a vontade de Deus, mesmo que significasse sua morte,
13:14. Por que esses avisos da parte de Deus? Podia dar-se o caso de Paulo
estar enganado e de Deus estar procurando fazê-lo ciente disso? Ou seria que
Deus o estava provando? Ou o preparando? De qualquer modo, Paulo estava
determinado a fazer a viagem. Uma coisa é que ele a prometera anos antes, Gl
2:10. Considerava aquilo o meio mais prático de demonstrar a unidade da igreja.
Levara sua vida a ensinar aos gentios de que podiam ser cristãos sem se
tornarem prosélitos dos judeus, razão por que muitos dos seus irmãos judeus o
odiavam rancorosamente. Agora, desejava coroar esse trabalho com uma
demonstração genuína e proveitosa de fraternidade cristã da parte dos seus convertidos
gentios, como último e duradouro sinal de amor fraternal entre judeus e
gentios. Vista sob este aspecto, esta visita de Paulo a Jerusalém é um dos
eventos históricos mais importantes do N.T. Possivelmente, também, ele nunca
podia esquecer a agonia dos crentes judeus, homens e mulheres, quando os lançava
em prisão, anos antes, At 8:3, e estava há muito tempo resolvido, tanto quanto
estivesse em suas forças, a compensar a Igreja Judaica pelos sofrimentos pelos
quais a fizera passar.
b)
Paulo em Jerusalém
Chegou
ali mais ou menos em junho, 59 d.C., 20:16. Foi a quinta visita que se
registra, depois da sua conversão. No decurso deste período, tinha ganho vastas
multidões de gentios para a fé cristã, e por causa disto era odiado pelos
judeus descrentes.
Depois
de ter passado quase uma semana em Jerusalém, cumprindo seus votos no Templo,
certos judeus o reconheceram. Começaram a gritar, e dentro de um instante, a
turba estava por cima de Paulo como uma matilha de cães. Os soldados romanos
apareceram em cena em tempo para salvá-lo de ser morto às pancadas.
Na
escada do castelo romano, o mesmo onde Pilatos condenara Jesus à morte 28 anos
antes dele, Paulo, com permissão do comandante, fez um discurso à turba,
contanto como Cristo lhe aparecera no caminho para Damasco. Escutaram até que
mencionou a palavra “gentios”, e então a turba se enfureceu contra ele.
No
dia seguinte, os oficiais romanos trouxeram Paulo perante o Sinédrio, para
descobrir o que os judeus tinham contra ele. Foi o mesmo concílio que entregou
Cristo para ser crucificado; o mesmo Concílio do qual Paulo fora membro; o
mesmo Concílio que apedrejara Estêvão, e que repetidos esforços fizera para
esmagar a Igreja. Paulo correu perigo de ser espedaçado ali, e os soldados o
retiraram dali, levando-o de volta ao castelo.
Na noite seguinte,
lá no castelo, o Senhor Se revelou a Paulo, assegurando-lhe que protegeria seu
caminho até Roma, 1:13. Em Éfeso, foi combinado que Paulo iria a Roma depois
desta visita a Jerusalém, 19:21, mas depois, Paulo nem teria certeza de sair
vivo de Jerusalém, Rm 15:31,32. Mas agora, Paulo estava com absoluta certeza, pois o próprio Deus prometera
que faria a viagem.
No
dia seguinte, os judeus enredaram outra cilada contra Paulo. Fervia a fúria
popular. Tornou-se necessário preparar uma escolha excepcional, de 70
cavaleiros, 200 soldados, e 200 lanceiros para tirar Paulo de Jerusalém, e
mesmo assim, na escuridão da noite.
7. A Prisão de Paulo em Cesaréia (Atos 24, 25 e 26)
Essa prisão ocorreu
no verão de 59 ao outono de 61 d.C.
Cesaréia fora o
lugar onde 20 anos antes Pedro recebera na igreja o primeiro gentio, Cornélio,
oficial do exército romano. Possivelmente, foi esta a razão pela qual Félix
conhecia alguma coisa a respeito do “caminho”, 24:22.
Lucas esteve com
Paulo em Cesaréia.
Pensa-se que foi por esse tempo que ele escreveu seu Evangelho.
Esta é a única visita de Lucas a Jerusalém de que se tem notícia. Sem dúvida,
aproveitou oportunidades de visitar Jerusalém muitas vezes, talvez também a
Galiléia, para conversar com todos os apóstolos e primeiros companheiros de
Jesus que pôde encontrar. Maria, mãe de Jesus, podia ainda estar viva, de cujos
lábios ele pode ter ouvido, diretamente, a história com que inicia o seu
Evangelho.
Israel moderno,
cônscio da sua história como nação, toma grande cuidado dos monumentos históricos
antigos, e há alguns anos Cesaréia recebeu a atenção dos arqueólogos. As obras
do porto antigo têm sido examinadas por escafandristas, que obtiveram informações
interessantes. O teatro está sendo escavado, e um achado surpreendente tem sido
uma inscrição fragmentária com o nome de Pôncio Pilatos. A cidade era seu
quartel-general como Procurador romano, e cenário de um debate famoso entre ele
e uma deputação de judeus de Jerusalém. Obstinado e arrogante, Pilatos tinha
pendurado escudos votivos no palácio de Herodes, consagrado ao Imperador. Os
judeus, enviando representantes ao Imperador Tibério, venceram na sua objeção
contra símbolos pagãos na Cidade Santa, e Pilatos tinha que levar ao santuário
de Roma, em Cesaréia, estes símbolos de sua lealdade desajeitada ao Império.
a) Paulo perante
Félix, 24:1-27. As acusações, v. 5: era “uma peste”, acusação muito vaga;
“promotor de sedições entre os judeus”, absolutamente falso, porque Paulo
invariavelmente ensinava obediência ao governo; “tentara profanar o templo”, v.
6, levando lá Trófimo, 21:29, o que não fez; “principal agitador dos
nazarenos”, o que ele reconheceu e que não era contra nenhuma lei, judaica ou
romana. Paulo nunca deixou de mencionar a ressurreição, v. 15.
Félix casara-se com
uma judia, estava familiarizado com as praxes judaicas e conhecia algo a respeito
de Cristo. Estava profundamente impressionado e mandou chamar Paulo para que
lhe explicasse mais o Evangelho, com o que ficou aterrorizado. Sua cupidez,
porém, v. 26, impediu que ele aceitasse Cristo ou soltasse Paulo.
Festo foi nomeado
sucessor de Félix em 60 d.C. Foi no intervalo entre a partida de Félix e a chegada
de Festo que as autoridades de Jerusalém se aproveitaram da ausência de um
oficial romano do executivo e assassinaram Tiago, irmão de Jesus.
b) Paulo perante
Festo, 25:1-12. Os judeus ainda armavam emboscada a Paulo, v. 3, porque parece
que tinham pouca esperança de convencer um governador romano de ter Paulo feito
alguma coisa digna de morte. Sendo acusado perante Festo e vendo que este se
propunha a agradar aos judeus, e que não havia esperança de que lhe fizessem
justiça. Paulo anunciou, ousadamente, a Festo, que estava pronto a morrer se
merecesse a morte, e apelou para César o que como cidadão romano tinha o
direito de fazer. Diante disto, Festo nada pôde fazer senão anuir à apelação.
Naquele tempo o César era Nero, bruto e desumano. Paulo, porém, sabia que, se
deixasse o seu caso com Festo, seria devolvido ao sinédrio judaico, o que significaria
condenação certa. Sendo assim, escolheu Nero. Além disso, queria ir a Roma.
c) Paulo perante
Agripa, 25:13-26:32. O discurso de Paulo perante Agripa e o outro em Atenas
são, geralmente, considerados dois dos mais soberbos exemplos de oratória da
literatura. São ambos muito breves, simples resumo do que ele deve ter dito,
porque é dificilmente crível que, num e noutro caso, ele falasse menos de uma
hora.
Esse Agripa era Herodes Agripa II, filho de
Herodes Agripa I, que, 16 anos antes, matara Tiago, o irmão de João, 12:2; era
neto de Herodes Antipas que matara João Batista e escarnecera Jesus, e bisneto
de Herodes, o Grande, que trucidara os meninos de Belém, ao tempo de nascimento
de Cristo. Sua capital era Cesaréia de Filipe, próxima do cenário da
transfiguração de Jesus, 30 anos antes.
Berenice era sua
irmã, vivendo com ele como esposa. Fora casada com dois reis, voltara para ser
esposa do próprio irmãos, e mais tarde veio a ser amante de Vespasiano e Tito.
Imagine-se Paulo a defender-se diante de um par de pessoas desse quilate.
Agripa, cuja
família estivera tão intimamente relacionada com toda a história de Cristo,
naturalmente estava curioso por ouvir um homem do calibre de Paulo, que tanta
excitação causara entre as nações a respeito de uma Pessoa que sua própria
família houvera condenado.
A única
discordância que Festo pôde ver entre Paulo e seus acusadores era que aquele
pensava ainda estar vivo Jesus, ao passo que os acusadores O julgavam morto,
25:19.
A grande pompa, v.
23, que Festo arranjou para a ocasião era testemunho da personalidade dominante
de Paulo, porque certamente um preso comum não provocaria tal exibição de
esplendor real.
Notar a cortesia
uniforme de Paulo, do princípio ao fim, se bem que conhecesse o caráter
dissoluto do rei.
Notar, outrossim,
que ele reconheceu ser a ressurreição de Jesus a única causa da questão. (H. H.
Halley).
d) Previdência
Divina. A história revela que a maldade humana é controlada pela soberania
divina. Os judeus desejavam que Paulo fosse transferido de Cesaréia para
Jerusalém. Tivesse Festo atendido às exigências deles, talvez o Novo Testamento
não contasse com Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom. (Sanders). Além
disso, estava a salvo de todos os judeus.
Chegou a ser
manifesto a todos (Filipenses 1:12, 13). Teve oportunidade para testificar aos
soldados que o guardavam. Foi visitado por amigos das diferentes igrejas
(Filipenses 2:25; 4:10).
8. A prisão de Paulo em Roma
Roma era chamada de
“Cidade rainha da terra”. O Grande centro de interesse histórico. Durante dois
milênios (2.º séculos a.C. ao 18.º d.C.) foi a potência dominadora do mundo. É
ainda chamada “Cidade Eterna”. A população, na época de Paulo, era de 1 milhão
e meio de seres humanos, metade de escravos. Capital de um império que se
estendia 4.800 km
de leste a oeste, 3.200 km
de norte a sul. A população total do Império era de 120 milhões de almas. Por apelar
a César, o Apóstolo aos gentios teve que ir para Roma.
a)
A viagem de Paulo a Roma (At 27:1-28:15)
Essa
viagem começou no outono de 61 d.C. e terminou na primavera de 62 d.C.
Foi feita em três navios: Um de Cesaréia a
Mirra; outro de Mirra a Malta; o terceiro de Malta a Potéoli.
“O jejum”, v. 9,
foi dia da expiação, mais ou menos no meado de setembro. Daquele tempo ao meado
de novembro a navegação no Mediterrâneo era perigosa. Do meado de novembro ao
primeiro de março esteve suspensa.
Pouco depois de ter
deixado Mirra, caíram em ventos contrários, e depois de se abrigarem um pouco em Bons Portos , se
arriscaram outra vez, e foram acometidos por um tufão que os levou longe da sua
rota; depois de muitos dias, não havendo mais esperança, Deus, que dois anos
antes, em Jerusalém, prometera a Paulo que o levaria a Roma, 23:11, mais uma
vez aparece a Paulo para lhe assegurar que Sua promessa seria cumprida, 27:24.
E foi. (H.H. Halley).
Paulo foi levado a
Roma com mais uns presos. Foi confiado a um centurião e alguns soldados da
corte imperial. Aristarco e Lucas o acompanharam. Embarcaram, navegaram ao
longo da costa de Creta, de onde uma tempestade veemente de vários dias os
levou para a costa de Malta. O navio encalhou num escolho e os náufragos
passaram o inverno na ilha. Depois navegaram via Sicília até Potéoli, onde P. e
seus companheiros durante oito dias foram hóspedes da comunidade cristã. Pela
Via Ápia chegaram a Roma (Dicionário
b)
Paulo em Roma
A primeira coisa
que Paulo fez ao chegar a Roma foi convocar os líderes judeus para poder justificar-se
das acusações contra ele, e para obter uma audiência amigável. É este o último
registro de sua tentativa da ganhar os judeus. Observemos o resultado da sua
pregação (28:24-28; compare com Mateus 13:13-15; João 12:40; Mateus 21:43).
Paulo passou dois
anos ali, no mínimo, 28:30. Apesar de ser prisioneiro, tinha licença de morar
numa casa própria alugada, com seu guarda, 28:16. Tinha licença de receber
visitas, e de ensinar sobre Cristo. Já havia um bom número de cristãos ali (ver
as saudações que enviou três anos antes, Rm 16). Os dois anos que Paulo passou
ali foram muito frutíferos, atingindo o próprio Palácio, Fp 1:13; 4:22. Enquanto
estava em Roma, escreveu as Epístolas aos Efésios, Filipenses, Colossenses,
Filemom e possivelmente, Hebreus.
c)
O consolo de Paulo
em Roma
d)
Especulações sobre
os últimos dias de Paulo
,Os últimos anos de
Paulo só conhecemos (fazendo-se abstração das informações de Clemente romano)
por uma combinação de dados avulsos das epístolas pastorais. Alguns opinam que
o apóstolo foi executado durante a perseguição de Nero, em 64.
Conforme os outros
Paulo teria visitado a Espanha (Rm 15,24.28) e ainda teria trabalhado em Creta
(Ti 1,5), Éfeso (1Tim 1,3), de onde visitou talvez Colossos (Fm 22), Hierápolis,
Laodicéia e Mileto (2 Tim4,20), e na Macedônia. Em Nicópolis, no Epiro (Tt
3,12), teria escrito Ti e 1Tim.
Alguns pensam que
P. penetrou até na Ilíria (2Tim 4,10), voltando depois por Tróade (2 Tim 4,13)
para Éfeso (1 Tim 3,14). Em todo caso, 2 Tim supõe que P. foi preso novamente,
e está em Roma (2 Tim 1,8. 16s; 2,9), onde só Lucas ficou com ele (4,10s).
Paulo queixa-se de
que na sua primeira defesa os cristãos da Ásia Menor o abandonaram (1,15). Não
há nenhum indício de contato com o apóstolo Pedro. Paulo menciona, entretanto,
o apoio de alguns discípulos fiéis: Onésimo, Tito, Crescente, Tíquico, que
havia mandado respectivamente à Dalmácia, à Galácia (ou à Gália?) e a Éfeso
(4,10.12), e prepara-se para o martírio (4,7s).
e)
A execução de Paulo
Deduz-se da
tradição e de algumas referências, que Paulo foi posto em liberdade por mais ou
menos 2 anos (veja Filipenses 1:24-26;2:24; Filemom 24; 2 Timóteo 4:17). Nesse
período de liberdade provavelmente escreveu as epístolas a Timóteo e a Tito.
Acredita-se que
depois desses dois anos, Paulo foi novamente preso e finalmente executado
durante a perseguição que Nero promoveu contra os cristãos.
Diz-se a tradição
que, como resultado de haver apelado para César, após dois julgamentos no ano
68 d.C., Paulo foi executado, fora da cidade.
Relata-se que Nero
saiu de viagem enquanto Paulo estava em Roma. Entretanto ,
uma de suas concubinas foi ganha para o Senhor por intermédio do apóstolo.
Quando Nero voltou para casa, ela havia juntado a um grupo cristão, abandonando
o imperador. Nero ficou tão furioso que descarregou sua ira sobre Paulo, que
foi levado para a Via Óstia onde o executaram.
conclusão
A maneira pela qual
Paulo usou seus infortúnios deveria estimular os que estão “presos” em virtude
de má saúde ou de outros motivos, a serem engenhosos na busca de meios pelos
quais possam usar as circunstâncias limitadoras com vantagem. Paulo está agora
prestes a passar a tocha ao jovem Timóteo. “Tu, porém, sê sóbrio em todas as
coisas”, escreve ele; “suporta as aflições, faze o trabalho de evangelista,
cumpre cabalmente o teu ministério. Quanto a mim, estou sendo já oferecido por
libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei
a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual
o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia” (2 Timóteo 4;5-8).
Visto que o seu
próprio ministério chegava ao fim, Paulo exortava Timóteo a cumprir cabalmente
o dele, a qualquer custo. A palavra grega “partida” é a mesma usada com referência
a soltar as amarras de um navio. O apóstolo estava zarpando da praia celestial,
porém fazia-o com um senso de “missão cumprida”. Que modelo para Timóteo – e
para nós também! A tocha está agora em nossas mãos!
CURSO DE OBREIROS
FORMAÇÃO DA IGREJA DE CRISTO
MINISTÉRIO PALAVRA VIVA
2013
COMPROMISSO SELADO COM O EVANGÉLIO
DO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
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