3 PERGUNTAS SOBRE O FINAL DOS TEMPOS
Tendo Jesus saído do templo, ia-se retirando,
quando se aproximaram dele os seus discípulos para lhe mostrar as construções
do templo. Ele, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que
não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada. No monte das
Oliveiras, achava-se Jesus assentado, quando se aproximaram dele os discípulos,
em particular, e lhe pediram: Dize-nos quando sucederão estais coisas e que
sinal haverá da tua vinda e da consumação do século. E ele lhes respondeu: Vede
que ninguém vos engane. Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o
Cristo, e enganarão a muitos. E, certamente, ouvireis falar de guerras e
rumores de guerras; vede, não vos assusteis, porque é necessário assim acontecer,
mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, reino contra
reino, e haverá fomes e terremotos em vários lugares; porém tudo isto é o
princípio das dores. Então, sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados
de todas as nações, por causa do meu nome. Nesse tempo, muitos hão de se
escandalizar, trair e odiar uns aos outros; levantar-se-ão muitos falsos
profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se
esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será
salvo. E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho
a todas as nações. Então virá o fim. Quando, pois, virdes o abominável da
desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo (quem lê entenda), então,
os que estiverem na Judéia fujam para os montes; quem estiver sobre o eirado
não desça a tirar de casa alguma coisa; e quem estiver no campo não volte atrás
para buscar a sua capa. Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem
naqueles dias! Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado;
porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo
até agora não tem havido e nem haverá jamais. Não tivessem aqueles dias sido
abreviados, ninguém seria salvo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão
abreviados. Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não
acrediteis; porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grande
sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos. Vede que
vo-lo tenho predito. Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto!,
não saiais. Ou: Ei-lo no interior da casa!, não acrediteis. Porque, assim como
o relâmpago sai do oriente e se mostra no ocidente, assim há de ser a vinda do
Filho do Homem. Onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres" (Mt
24.1-28).
Sobre
os acontecimentos dos tempos finais, é recomendável ler também os versículos
restantes de Mateus 24 e todo o capítulo 25. A respeito, vamos perguntar-nos:
1. A quem Jesus dirigiu, em primeiro lugar, as
palavras de Mateus 24 e 25?
A resposta é:
basicamente aos judeus – e não à Igreja
•
Nessa ocasião a Igreja ainda era um mistério. Somente no Pentecoste ela foi
incluída no agir de Deus e, posteriormente, revelada através de Paulo.
•
Portanto, o texto também não está falando do arrebatamento, quando Jesus virá
para buscar Sua Igreja, mas trata da volta de Jesus em grande poder e glória
para Seu povo Israel, após a Grande Tribulação (Mt 24.29-31). Jesus só falou do
arrebatamento mais tarde, pouco antes do Getsêmani, como está registrado em
João 14. Até então os discípulos, como judeus, só sabiam da era gloriosa do
Messias que viria para Israel (por exemplo, Lucas 17.22-37).
•
Os discípulos a quem Jesus Se dirigiu em Mateus 24 e 25 evidentemente eram
judeus. Em minha opinião, eles simbolizam o remanescente judeu fiel, que crerá
no Messias no tempo da Grande Tribulação.
•
No sermão profético do Senhor Jesus no Monte das Oliveiras, Ele predisse como
será a situação dos judeus no período imediatamente anterior à Sua volta.
•
Falsos profetas e falsos cristos, como são chamados em Mateus 24.5,23,26,
representam um perigo para Israel. A Igreja enfrenta outros perigos, pois deve
preocupar-se mais com falsos mestres, falsos apóstolos e falsos evangelistas e
em discernir os espíritos (2 Co 11.13; 2 Pe 2.1; Gl 1.6-9). Filhos de Deus
renascidos pelo Espírito Santo certamente não vão sucumbir às seduções de
falsos cristos e cair nesses enganos.
•
O "abominável da desolação" (Mt 24.15) diz respeito claramente à
terra judaica, ao templo judaico e aos sacrifícios judeus. Já o profeta Daniel
falou a respeito. E Daniel não falava da Igreja, mas de "teu povo... e de tua santa cidade" (Dn 9.24).
•
A frase: "então, os que estiverem
na Judéia fujam para os montes" (Mt 24.16), é bem clara. Trata-se
nitidamente da terra de Israel. Pois no Novo Testamento a Igreja de Jesus nunca
é conclamada a fugir para os montes.
•
Igualmente o texto que fala do sábado diz respeito aos judeus, aos seus
costumes e suas leis (v. 20).
•
Também a parábola da figueira (v. 32) é uma representação simbólica da nação
judaica. Do mesmo modo, a expressão "esta geração" (v. 43) aplica-se
a Israel.
2. A que época o Senhor se refere em Mateus 24?
A
resposta à pergunta anterior nos conduz automaticamente ao tempo em que esses
fatos acontecerão. Trata-se da época em que Deus começará a agir novamente com
Seu povo Israel de maneira coletiva, levando o povo da Aliança ao seu destino
final (v. 3), que é a vinda do seu Messias e o estabelecimento de Seu reino. O
centro de todas as profecias de Mateus 24 e 25 é ocupado pelos sete anos que
são os últimos da 70ª semana de Daniel (Dn 9.24-27). Devemos estar cientes de
que esse período é a consumação do século, o encerramento de uma era, e não
apenas o transcorrer de um tempo. O sinal do fim dos tempos é a última semana,
a 70ª semana de Daniel.
Todos
os sinais que o Senhor Jesus predisse em Mateus 24, que conduzirão à Sua vinda
visível (v. 30), têm seus paralelos no Apocalipse, nos capítulos de 6 a 19. Mas
nessa ocasião a Igreja de Jesus já terá sido arrebatada, guardada da "hora da provação" (Ap 3.10).
Os últimos sete anos –
divididos em três etapas (Mt 24.4-28)
1. Os versículos 4-8 descrevem, segundo meu
entendimento, a primeira metade da 70ª semana de Daniel. O versículo 8 diz claramente:
"porém tudo isto é o princípio
das dores". As dores não dizem respeito a uma época qualquer, elas
definem especificamente o tempo da Tribulação, comparado na Bíblia "às
dores de parto de uma mulher grávida" (1 Ts 5.3; veja também Jr 30.5-7). O
princípio das dores são os primeiros três anos e meio da 70ª semana. Assim como
existem etapas iniciais e finais nas dores que antecedem um parto, também esses
últimos 7 anos dividem-se em duas etapas de três anos e meio. Há um paralelismo
e uma concordância quase literal entre Mateus 24.4-8 e Apocalipse 6, onde o
Senhor abre os selos de juízo:
•
Falsos cristos (Mt 24.5) – primeiro selo: um falso cristo (Ap 6.1-2).
•
Guerras (Mt 24.6-7) – segundo selo: a paz será tirada da terra (Ap 6.3-4).
•
Fomes (Mt 24.7) – terceiro selo: um cavaleiro montado em um cavalo preto com
uma balança em suas mãos (Ap 6.5-6).
•
Terremotos (Mt 24.7), epidemias (Lc 21.11) – quarto selo: um cavaleiro montado
em um cavalo amarelo, chamado "Morte" (Ap 6.7-8).
2. Nos versículos 9-28 temos a descrição da Grande
Tribulação, ou seja, a segunda metade (três anos e meio) da 70ª semana de
Daniel.
•
Nesse tempo muitos morrerão como mártires (Mt 24.9) – quinto selo (Ap 6.9-11).
•
Coisas espantosas e grandes sinais no céu anunciam a chegada do grande dia da
ira do Senhor (Lc 21.11) – sexto selo (Ap 6.12-17).
•
Em Israel, muitos trairão uns aos outros (Mt 24.10, veja também Mt 10.21).
•
O engano e a impiedade se alastrarão, o amor esfriará, significando que muitos
apostatarão de sua fé (Mt 24.11-12, veja 2 Ts 2.10-11). Quem perseverar até o
fim verá a volta do Senhor e entrará no Milênio (Mt 24.13).
•
O Evangelho do Reino será pregado por todo o mundo (v. 14). Ele não deve ser
confundido com o Evangelho da graça, anunciado atualmente. O Evangelho do Reino
é a mensagem que será transmitida no tempo da Tribulação pelo remanescente e
pelos 144.000 selados do povo de Israel, chamando a atenção para a volta de
Jesus, que então virá para estabelecer Seu Reino (compare Apocalipse 7 com
Mateus 10.16-23).
3. Mateus 24.15 refere-se à metade da 70ª semana de
Daniel, o começo dos últimos três anos e meio de tribulação.
A
"abominação desoladora" não teve seu cumprimento na destruição do
templo em 70 d.C., pois refere-se à afirmação de Daniel, que aponta claramente
para o fim dos tempos (Dn 12.1,4,7,9,11).
•
A profecia da "abominação desoladora" de Daniel teve um
pré-cumprimento aproximadamente em 150 a.C., na pessoa de Antíoco Epifânio.
Daniel 11.31 fala a respeito.
•
A "abominação desoladora" cumpriu-se parcialmente em 70 d.C. através
dos romanos, que destruíram o templo.
•
Mas "abominável da desolação" de que Jesus fala em Mateus 24.15 será
estabelecido apenas pelo anticristo, vindo a ter seu cumprimento pleno e
definitivo na metade dos últimos sete anos (como profetizado em Daniel 12).
Essa profecia de Daniel é claramente para o tempo do fim (vv. 4,9),
referindo-se a um tempo de tão grande angústia como jamais houve antes (v. 1),
que durará "um tempo, dois tempos
e metade de um tempo". É dessa Grande Tribulação, desse período de
imenso sofrimento e angústia, que Jesus fala em Mateus 24.21 (veja Jr 30.7).
Nos
versículos a seguir, de 16 a 28, o Senhor Jesus explica como o remanescente dos
judeus deve comportar-se durante a Grande Tribulação:
•
Eles devem fugir (veja Ap 12.6).
•
Esses dias serão abreviados para três anos e meio, para que os escolhidos sejam
salvos.
•
Falsos cristos e falsos profetas farão milagres e sinais (veja Ap 13.13-14).
•
Mas então, finalmente, diante dos olhos de todos, o Senhor virá "como o relâmpago sai do oriente e se
mostra até no ocidente". Esses dias da ira de Deus (Lc 21.22), ou
melhor, esses dias da ira de Deus e do Cordeiro (Ap 6.17), são descritos assim:
"Onde estiver o cadáver, aí se
ajuntarão os abutres" (Mt 24.28). O "cadáver" representa
o judaísmo apóstata, afastado de Deus, e o sistema mundial sob a regência do
anticristo, no qual reinará a morte e o "hades". Os
"abutres" simbolizam o juízo de Deus.
Como
já foi mencionado, não creio que em Mateus 24.15 o Senhor Jesus esteja
referindo-se à destruição do templo em 70 d.C., mas penso que Ele está falando
do tempo do fim. Ele menciona a destruição do templo e de Jerusalém em Lucas
21, fazendo então a ligação com os tempos finais. Aliás, este é o sentido dos
quatro Evangelhos: apresentar ênfases diferenciadas dos relatos. Os Evangelhos
tratam da profecia como também nós devemos fazê-lo, manejando bem a palavra da
verdade (2 Tm 2.15).
Em
Lucas 21.20 e 24 o Senhor diz: "Quando,
porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua
devastação. Cairão ao fio da espada e serão levados cativos para todas as
nações; e, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada
por eles." Isso cumpriu-se em 70 d.C.
Mas
Mateus 24 menciona algo que não aparece no Evangelho de Lucas, pois
cumprir-se-á apenas nos tempos do fim: "o abominável da desolação"
(v. 15).
No
Evangelho de Lucas, que trata primeiro da destruição do templo em 70 d.C., está
escrito: "...haverá grande
aflição na terra" (Lc 21.23) (não está escrito: "grande
tribulação"). Mas em Mateus 24, que em primeira linha fala dos
tempos do fim, lemos sobre uma "grande tribulação" "como desde o princípio do mundo até
agora não tem havido e nem haverá jamais" (v. 21). A expressão
"grande tribulação" diferencia nitidamente a angústia de 70 d.C. da
"grande tribulação" no final dos tempos.
3. Qual é a mensagem desse texto bíblico para nós
hoje?
Essa
passagem tem forte significado para os crentes de hoje, pois sabemos que os
impressionantes acontecimentos da Grande Tribulação lançam suas sombras diante
de si e que, por essa razão, o arrebatamento da Igreja deve estar muito
próximo.
•
Nosso mundo está muito inquieto. Há conflitos em muitos países e torna-se mais
e mais evidente a possibilidade de guerras devastadoras em futuro próximo. Mais
de 400.000 cientistas estão atualmente ocupados em melhorar sistemas bélicos ou
em desenvolver novos armamentos.
•
Grande parte da humanidade passa fome.
•
Terremotos, tempestades, inundações e doenças imprevisíveis, além de outros
fenômenos e catástrofes da natureza, aumentam dramaticamente em progressão
geométrica, como as dores de parto da que está para dar à luz.
•
Grande parte dos cristãos é perseguida. Muitos chegam a falar de uma
"escalada" nas perseguições nos últimos anos.
•
Também a sedução e o engano através de falsas religiões é comparável a uma
avalanche. O clamor pelo "homem forte" torna-se mais audível.
Qualquer coisa passa a ser anunciada como "deus" ou
"salvador" – e as pessoas agarram-se ansiosas a essas ofertas
enganosas. Ao mesmo tempo acontece uma apostasia nunca vista, um crescente
afastamento da Bíblia e do Deus vivo.
As
dores da Grande Tribulação anunciarão a vinda do Filho do Homem. Não nos encontramos
diante do fim do mundo, mas nos aproximamos do fim de nossa era (Mt 24.3). O
Filho de Deus não nos trará o fim, mas um novo começo. Jesus Cristo não é
apenas a esperança para o futuro do mundo, mas a esperança para toda pessoa,
para cada um que invocar Seu Nome! (Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br/)
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Norbert Lieth será um dos preletores do 10º
Congresso Internacional Sobre a Palavra Profética -
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