sexta-feira, 25 de março de 2011

ESTUDOS DOUTRINÁRIOS/ A TRIBO DE DÃ

Segredos da tribo de Dan

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A impressionante historia do povo de Israel é uma fonte de profundos ensinamentos espirituais. Desde o seu estabelecimento, por Deus, como nação escolhida, até às aplicações que fazemos nos dias de hoje ao povo que fielmente aguarda a volta de Jesus, somos presenteados com um banquete de lições cujo conteúdo implica valor eterno.

Por vezes, há pormenores que nos escapam numa leitura superficial ou mesmo detalhada mas somente num único aspeto. Uma análise aprofundada permite recolher elementos que não apenas nos surpreendem, mas demonstram que Deus nada deixa ao acaso e todas as Suas ações são de grande significado e importância para nós.

É o que acontece quando nos debruçamos sobre as tribos de Israel, nomeadas após os filhos de Jacó. E, entre tudo o que daqui podemos receber, uma delas merece a nossa atenção neste artigo: a tribo de Dan.

Nesta descoberta, partiremos dos nomes dos filhos de Jacó. Segundo o relato bíblico, e conforme a ordem de nascimento - fundamental no conceito de família que havia naquele tempo e para o nosso estudo - eles foram:
Vemos que Jacó teve 12 filhos, da parte de diferentes mulheres. Chamo a atenção do leitor, desde já, para o fato de, pela ordem de nascimento, Judá ter sido o quarto filho e Dan o quinto.

Depois do tempo passado na escravidão do Egito, Deus finalmente decide entrar em cena e libertar o Seu povo, respondendo a um clamor de séculos. Após uma série de milagres e livramentos incríveis, o povo coloca-se em marcha rumo à Terra Prometida.

No entanto, Deus não permite que eles avancem de qualquer maneira; pelo contrário, Ele dá indicações específicas de como as diferentes tribos se deveriam ordenar pelo caminho. Essa ordem era conforme segue na segunda coluna (se quiser, compare com a primeira):

Algumas observações explicativas: as tribos de Aser e Naftali fazem parte da marcha mas não é indicado o lugar exato (apenas sabemos que não estavam em primeiro nem último lugar). A tribo de Levi não é mencionada por ter sido separada em exclusivo para o serviço no tabernáculo; a de José não é incluída - estas duas ausências são colmatadas com os nomes dos dois filhos de José (Efraim e Manassés).

Chamo a atenção do leitor para o seguinte: a ordem de marcha - indicada por Deus - tem várias alterações em relação à ordem de nascimento dos filhos de Jacó que seria, digamos assim, a ordem normal para as tribos se alistarem.

E, desde já, fica bem claro que Deus ordena que Judá siga em primeiro lugar e Dan em último, fechando o cortejo pelo deserto. Porque razão? Haveria alguma preferência especial pelos membros de Judá e desprezo pelos de Dan?

Não é difícil para ninguém constatar o seguinte: quem segue na frente é observado por todos os outros! Assim, Judá seria vista, a todo o momento, por todas as outras tribos que, seguindo atrás na marcha, tinham os olhos voltados para a frente dessa enorme massa de gente.

Então, porquê Judá na frente? Por uma simples, solene e majestosa razão: seria desta tribo que surgiria o Salvador do mundo (veja Mateus 1:1-16 - em especial os versos 2 e 16 -, e Apocalipse 5:5)! Jesus seria o Principal e Maior descendente de Judá!

Simbolicamente, Jesus é que seguia na frente, era Ele quem dirigia, comandava o povo pelos difíceis caminhos do deserto. E todos os outros, seguindo atrás, estariam sempre com os olhos colocados nesse Comandante!

Vejamos agora, com algum detalhe, porque Dan seguia em último lugar.

Pouco tempo antes de sua morte, Jacó chama os seus filhos para sobre cada um proferir a sua bênção. Estas são as palavras que ele dirigiu a Dan:

'Dan julgará o seu povo, como uma das tribos de Israel. Dan será serpente junto ao caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os calcanhares do cavalo, e faz cair o seu cavaleiro por detrás' (Génesis 49:16-17).

Estou certo que não preciso recordar ao leitor quem é, recorrentemente, tratado na Bíbia pela imagem da serpente - se precisar, veja Génesis 3:1-14, Apocalipse 12:9 e 20:2...

Mas veja também, em relação a Dan, a sentença que encontramos em Amós 8:14 'Os que juram pela culpa de Samaria, dizendo: Vive o teu deus, ó Dan; e vive o caminho de Berseba; esses mesmos cairão, e não se levantarão jamais'.

A propósito da culpa de Samaria, ideia esta associada a um tal 'deus de Dan', veja este texto de Oséias 8:5-6 'O teu bezerro, ó Samaria, te rejeitou; a minha ira se acendeu contra eles; até quando serão eles incapazes da inocência? Porque isso vem de Israel, um artífice o fez, e não é Deus; mas em pedaços será desfeito o bezerro de Samaria' (se achou algo confuso, leia apenas a parte sublinhada...).

Esta adoração errada entre o professo povo de Deus, é explicada com algum detalhe em I Reis 12:26-30. Leia atentamente este texto.

'E disse Jeroboão no seu coração: Agora tornará o reino à casa de Davi. Se este povo subir para fazer sacrifícios na casa do Senhor, em Jerusalém, o coração deste povo se tornará a seu senhor, a Roboão, rei de Judá; e me matarão, e tornarão a Roboão, rei de Judá. Assim o rei tomou conselho, e fez dois bezerros de ouro; e lhes disse: Muito trabalho vos será o subir a Jerusalém; vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito. E pôs um em Betel, e colocou o outro em Dan. E este feito se tornou em pecado; pois que o povo ia até Dan para adorar o bezerro.'

Quer saber a quem cabia parte desta culpa? A resposta está em Juízes 18:30, onde lemos 'e os filhos de Dan levantaram para si aquela imagem de escultura...'

Recuperando o penúltimo texto, vemos que era atribuído àqueles bezerros o louvor por ter o povo saído do Egipto (!!!) - que contraste com a introdução que Deus faz aos Santos e Eternos mandamentos, quando diz 'Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão' (Êxodo 20:2)...

A Escritura demonstra que Dan se afastou dos caminhos de Deus, dando lugar ao paganismo e à idolatria.

Não admira, portanto, que Deus tenha ordenado a sua colocação no último lugar do cortejo, numa posição onde todas as outras tribos, voltadas para a frente, não a contemplassem (nem as suas obras) enquanto deambulavam pelo deserto!

Mas, espantosamente, encontramos uma maior e mais trágica evidência da desaprovação de Deus em relação ao comportamento da tribo de Dan!

O livro de Apocalipse apresenta uma relação das tribos representadas na Nova Jerusalém, aquelas que foram seladas por Deus, livres das marcas do pecado e destruição final. Veja bem na coluna da direita (se quiser, compare com as outras), as tribos que são mencionadas na revelação dada a João.

Novamente Judá (leia-se, Jesus) comandando a marcha! Mas, há uma alteração fundamental: aparece Manassés (filho de José) no lugar de... Dan!

Ou seja, em última instância, o afastamento de Deus provoca a perda da vida eterna! Quando, pelas nossas escolhas nos desviamos do caminho que Deus indica e construímos deuses que colocamos no lugar do Criador, por fim, Ele não permitirá a nossa entrada no lar eterno!

Caro leitor, se sente que a sua vida ainda não está de acordo com o propósito divino, não desanime; mas atue de imediato e procure alterar o rumo da sua vida, enquanto há tempo!

Quero relembrar-lhe um dos mais famosos membros da tribo de Dan: Sansão (veja Juízes 13). Sim, um homem separado por Deus para um serviço especial, mas que fracassou por ter feito escolhas contra a vontade de Deus.

Mas eis que, depois de passar por um descalabro terrível, no último momento os seus olhos e a sua mente de novo se voltaram para o Deus que por tanto tempo esquecera, e Ele atendeu a sua oração (Juízes 16:28-30).

Semelhantemente, a sua vida não tem de terminar em tragédia como a de Sansão; pois ainda está a tempo de suplicar ao Senhor que transforme a sua vida e não o conte entre os da tribo de Dan!


sábado, 12 de março de 2011

SERMÃO DE JOHN WESLEY - O SERMÃO DO MONTE - PARTE IV

O Sermão do Monte – Parte IV
John Wesley

'Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com o que há de se salgar? Para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado por homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire; mas no velador, e dá luz a todos que estão em casa. Assim, resplandeça a vossa luz, diante dos homens, para que eles possam ver as suas boas obras, e glorificarem seu Pai que está no
 céu'. (Mateus 5:13-16)


            1. A beleza da santidade interior, daquele do homem de coração, que é renovado na busca da imagem de Deus, não pode deixar de atingir cada olho que Deus tem aberto, -- cada entendimento erudito. O ornamento do manso, do humilde, do espírito amoroso, irá, por fim, estimular a aprovação de todos aqueles que são capazes, em algum grau, de discernirem o bem  e o mal espirituais. Do momento em que os homens começam a emergir da escuridão que cobre o mundo leviano e insensato, eles não podem deixar de perceber quão desejável é ser assim transformado na semelhança daquele que os criou. Essa religião interior carrega a forma de Deus, tão visivelmente gravada sobre ela, que uma alma deverá estar totalmente imersa na carne e sangue, para duvidar de sua origem divina. Nós podemos dizer sobre isso, em um sentido secundário, até mesmo do próprio Filho de Deus, que é 'o esplendor de sua glória; a imagem expressa de Si mesmo'; -- 'a irradiação de sua' eterna 'glória'; que, ainda assim, ele é tão suave e agradável, que mesmo os filhos dos homens podem ver Deus nele, e viverem; -- 'o caráter, o selo, a impressão viva de Si mesmo', aquele que é a fonte da beleza e amor; a fonte original de toda excelência e perfeição.

            2. Se a religião, no entanto, não fosse levada, mais além do que isto, eles não teriam dúvidas concernente e ela; eles não teriam objeção, em irem ao seu encalço, com todo o ardor de suas almas. 'Mas, por que', eles perguntam, 'ela está obstruída com outras coisas? Qual a necessidade de oprimi-la - com fazer e sofrer? Não são essas coisas que refreiam o vigor da alma, e a fazem sucumbir a terra novamente? Não é suficiente seguir em busca do amor?'; elevar-se nas asas do amor? Não será suficiente adorar a Deus, que é um Espírito, com o espírito de nossas mentes, sem sobrecarregarmos a nós mesmos, com coisas exteriores; ou mesmo, pensando sobre elas, afinal? Não é melhor que toda a extensão de nossos pensamentos possa ser elevada, através de uma contemplação elevada e divina; e que, ao em vez de ocupar a nós mesmos, afinal, com coisas externas, nós poderíamos apenas comungar com Deus em nossos corações?

            3. Muitos homens iminentes têm falado assim; têm nos aconselhado a 'pararmos com as ações exteriores'; retirarmo-nos totalmente do mundo; deixando o corpo atrás de nós; abstraindo-nos de todas as coisas sensíveis; não termos preocupação com respeito à religião exterior, a não ser para operar todas as virtudes na vontade; como uma maneira mais excelente; mais perfeita da alma; tanto quanto mais aceitável para Deus.

            4. Não é necessário que alguém fale a nosso Senhor dessa obra-prima de nossa sabedoria; esse mais fiel de todos os conselhos, por meio dos quais, Satanás tem pervertido os caminhos corretos do Senhor! E, Ó, que instrumentos ele tem encontrado, de tempos em tempos, para empregar nesse seu serviço; para manejar essa grande máquina do inferno contra algumas das mais importantes verdades de Deus! – Os homens que 'ludibriariam, se fosse possível, os próprios escolhidos'; os homens de fé e amor; sim, que têm, por algum tempo, enganado e conduzido fora um número não insignificante deles, que têm caído, em todas as épocas, na armadilha dourada; e, dificilmente, escapado com o esmalte de seus dentes.

            5. Mas nosso Senhor tem estado em falta sobre o que lhe cabe? Ele não nos tem suficientemente guardado contra essa ilusão prazerosa? Ele não nos tem armado aqui com a armadura do testemunho, contra Satanás 'transformado em anjo de luz?'.  Sim, verdadeiramente: Ele aqui defende, da maneira mais clara e forte, a religião ativa e paciente que ele tinha justamente descrito. O que pode ser mais completo e claro do que as palavras que ele anexa imediatamente ao que ele tem dito sobre fazer e sofrer?

'Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com o que há de se salgar? Para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado por homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire; mas no velador, e dá luz a todos que estão em casa. Assim, resplandeça a vossa luz, diante dos homens, para que eles possam ver as suas boas obras, e glorificarem seu Pai que está no céu'. (Mateus 5:13-16)

            Com o objetivo de explicar e reforçar completamente essas importantes palavras, eu vou me empenhar para mostrar:

            1o. Que o Cristianismo é essencialmente uma religião social; e que fazer dele uma religião solitária é destruí-lo.

            2o. Que ocultar essa religião é impossível, assim como extremamente contrário ao objetivo de seu Autor.

            3o.  E responder algumas objeções; e concluir o todo, com uma aplicação prática.

I

1. Eu vou me esforçar para mostrar que o Cristianismo é essencialmente uma religião social; e que torná-lo uma religião solitária é de fato destruí-lo.

Por Cristianismo, eu quero dizer aquele método de adoração a Deus, que está aqui revelado ao homem, através de Jesus Cristo. Quando eu digo que ele é essencialmente uma religião social, eu não quero dizer apenas que ele não subsistiria assim tão bem, mas que ele não subsistiria, afinal, sem a sociedade, -- sem viver e conversar com outros homens. E, em mostrando isto, eu devo confinar a mim mesmo àquelas considerações que irão se erguer do mesmo discurso diante de nós. Mas, se for assim mostrado, então, sem dúvida, tornar isto uma religião solitária é destruí-la. Não que devemos, de maneira alguma, condenar a solidão e retiro, misturados, com a sociedade. Isto não é apenas permitido, mas conveniente; mais ainda, isto é necessário, como as experiências mostram diariamente, a todos que, tanto já são, quanto os que desejam ser cristãos verdadeiros.

Dificilmente, pode ser que nós passemos um dia inteiro, em um intercurso continuado com homens, sem sofrermos perda, em nossas almas; e, em alguma medida, afligirmos o Espírito Santo de Deus. Nós temos necessidade diariamente de nos retirarmos do mundo, pelo menos de manhã e à noite, para conversarmos com Deus, para comungarmos mais livremente com nosso Pai, que está em secreto. Nem, de fato, pode um homem de experiência condenar mesmo as mais longas épocas de retiro religioso, de modo que eles não implicam alguma negligência do emprego mundano, onde a providência de Deus tem nos colocado.

            2. Ainda assim, tal retiro não deve ocupar todo o nosso tempo; isto iria destruir, e não trazer progresso à verdadeira religião. Já que aquela religião, descrita por nosso Senhor, nas palavras precedentes, não pode subsistir, sem a sociedade; sem nosso viver e conversar com outros homens, fica evidente nisto, que diversas das mais essenciais ramificações dela não terão lugar, se nós não tivermos um intercurso com o mundo.

            3. Não existe disposição, por exemplo, que seja mais essencial ao Cristianismo do que a humildade. Agora, até porque ela implica resignação para com Deus, e paciência, na dor e sofrimento, ela pode subsistir no deserto, em uma cela hermética, na total solidão; ainda assim, como ela implica (o que não é menos necessariamente feito), indulgência, gentileza, e longanimidade, ela não pode possivelmente ter uma existência; ela não teria lugar debaixo dos céus, sem um intercurso com outros homens. De maneira que, tentar tornar isto em uma virtude solitária, é destruí-la da face da terra.

            4. Um outro ramo necessário do verdadeiro Cristianismo é a pacificação; ou fazer o bem. Que isto é igualmente essencial, com alguma das outras partes da religião de Jesus Cristo, não pode existir argumento mais forte para evidenciar, (e, por esta razão, é absurdo eleger algum outro), do que aquele que está aqui inserido, no plano original, no qual Jesus tem estabelecido os fundamentos de sua religião. Por conseguinte, colocar de lado isto, é o mesmo que ousar insultar a autoridade de nosso Grande Mestre; assim como colocar aparte a misericórdia, pureza de coração ou qualquer outro ramo de sua instituição.

Mas isto é aparentemente colocado de lado, por todos que nos chamam ao deserto; que recomendam a inteira solidão, tanto aos bebês, aos jovens, quanto aos adultos em Cristo. Pode algum homem afirmar que um cristão solitário (assim chamado, embora seja pouco menos do que uma contradição, em termos) possa ser um homem misericordioso, -- ou seja, alguém que aproveita todas as oportunidades para fazer o bem a todos os homens? O que pode ser mais claro do que, sem a sociedade; sem nosso viver e conversar com outros homens, este ramo fundamental da religião de Jesus Cristo não pode possivelmente subsistir?

            5. 'Mas, será oportuno, contudo', alguém poderia naturalmente perguntar, 'conversar apenas com homens bons, -- apenas com aqueles que nós sabemos serem mansos e misericordiosos, -- santos de coração, e santos na vida? Não é conveniente refrearmo-nos de alguma conversa ou intercurso com homens de caráter oposto, -- homens que não obedecem, talvez, nem acreditem, no Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo?'. O conselho de Paulo aos cristãos, em Corinto, pode parecer favorecer isto: 'Já por carta vos tenho escrito que vos associeis com os que se prostituem'. (1 Cor. 5:9). E certamente não é aconselhável estar, assim, em companhia deles, ou quaisquer outros trabalhadores da iniqüidade; como ter alguma familiaridade particular; ou alguma amizade estreita com eles. Contrair ou continuar uma intimidade com alguns como esses, não é expediente para um cristão. Isto necessariamente o exporia a uma abundância de perigos e armadilhas, em que ele não poderia ter esperança razoável de livramento.

            Mas o Apóstolo não nos proíbe de ter algum intercurso, afinal; mesmo com os homens que não conhecem a Deus! 'Porque, para isto', diz ele, 'nós precisaríamos sair do mundo!'; o que ele nunca poderia aconselhá-los a fazer. Mas, ele anexa: 'Se algum homem que seja chamado de irmão', que professe a si mesmo como um cristão, 'for um adúltero, um avarento, um idólatra, um maldizente, um bêbado, um extorquidor';(I Co. 5:11); eu agora tenho escrito a vocês, para não estarem em companhia deles; com estes, não comam'.  Isto deve necessariamente implicar que nós devemos romper toda a familiaridade; toda a intimidade de conhecimento com estes. 'Todavia, não o tenhais', diz o Apóstolo, em outro lugar, 'como um inimigo, mas admoestai-o como irmão'  (2 Tess. 3:15); mostrando claramente que, mesmo em tal caso como este, nós não devemos renunciar toda amizade com ele. De modo que aqui não é aconselhável separar-se totalmente, até mesmo do homem pecaminoso. Sim. Essas mesmas palavras nos ensinam a fazer completamente ao contrário.

6. Mais do que isto, as palavras de nosso Senhor; estão longe de nos direcionar a romper todo o comércio com o mundo, o que sem ele, de acordo com sua consideração de Cristianismo, nós não podemos ser cristãos, afinal. Seria fácil mostrar que alguns intercursos, mesmo com os homens descrentes e impuros, são absolutamente necessários, com o objetivo de uma completa aplicação de cada temperamento que ele tem descrito, como caminho para o reino; e que são indispensavelmente necessários, para o completo exercício da pobreza de espírito, do  murmurar e de qualquer outra disposição que tenha um lugar aqui, na religião genuína de Jesus Cristo. Sim. Eles são necessários, para a própria existência de diversos deles; -- daquela mansidão, por exemplo, que, em vez de exigir 'olho por olho; dente por dente', 'não resiste ao mal', mas faz com que, preferivelmente, quando lhe baterem 'na face direita, seja-lhe dado a outra, também'; -- daquela misericórdia, por meio da qual, 'nós amamos nossos inimigos; abençoamos a quem nos praguejam; fazemos o bem a todos que nos odeia; e oramos por aqueles que maliciosamente nos usam e nos perseguem';  -- daquele enredamento  do amor e todos os temperamentos santos que são exercitados no sofrer por causa da retidão. Agora, todos esses, é claro, não teriam existência, não tivéssemos intercurso com algum deles, a não ser com os cristãos reais.

            7. Realmente, fosse para nos separarmos totalmente dos pecadores, como possivelmente poderíamos responder àquele caráter que nosso Senhor dá nessas mesmas palavras? "Vocês" (cristãos; vocês que são humildes, sérios e mansos de coração; vocês que têm fome de justiça; que amam a Deus e ao homem; que fazem o bem a todos, e, no entanto sofrem o mal; vocês) 'são o sal da terra': É da própria natureza de vocês temperarem o que quer que esteja em sua volta. É da natureza de seu divino sabor, o que está em vocês, entremearem-se ao que quer que vocês toquem; espalharem-se, para todos os lados, para todos esses, entre os quais vocês estão. Esta é a grande razão, porque a providência de Deus tem tanto misturado vocês, com outros homens – para que qualquer que seja a graça que vocês tenham recebido de Deus, ela possa, através de vocês, ser comunicada a outros; para que todo temperamento santo, e palavra, e obra de vocês, possam ter uma influência sobre eles também. Para que, por meio disto, uma repressão, em alguma medida, seja feita à corrupção que está no mundo; e uma pequena parte, pelo menos, seja salva da infecção geral, e se coloque santa e pura diante de Deus.

            8. Para que possamos mais diligentemente trabalhar, para temperarmos tudo que pudermos, com todo temperamento santo e divino, nosso Senhor prossegue mostrando o estado desesperado daqueles que não comungam com a religião que eles têm recebido; o que, de fato, eles possivelmente fracassam ao fazer, por quanto tempo ela permanece apenas em seus corações. 'Se o sal for insípido, com o que há de se salgar? Para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado por homens'. Se vocês que têm sido santos e religiosos, e conseqüentemente, zelosos das boas obras, não tiverem, por mais tempo, o sabor em vocês mesmos; e, por conseguinte, não mais temperarem a outros; se vocês que cresceram monótonos, insípidos, mortos; tanto negligentes de suas próprias almas, quando inúteis às almas de outros homens; 'de que maneira poderão se tornar novamente o sal da terra? Como vocês poderão ser recuperados? Com que ajuda? Com que esperança?Pode um sal insípido recuperar seu sabor? Não; para nada mais presta, senão para ser lançado fora', mesmo no atoleiro das ruas, 'e ser pisado por homens', para ser esmagado com desprezo eterno.   

Se vocês nunca antes tinham conhecido ao Senhor, poderia existir esperança, -- se você nunca tivessem sido 'encontrados Nele: Mas o que vocês podem dizer para aquela declaração solene dele, justamente paralela ao que ele tem aqui falado? 'Todo ramo em mim que não dá fruto', ele, o Pai 'tira fora. Ele que habita em mim, e eu nele, produziremos muitos frutos'. 'Se alguém não estiver em mim; ou não produzir frutos, será lançado fora, como vara, e secará; e os homens o colhem, não o plantam novamente, mas 'o atiram ao fogo, para arder'. (João 15:2, 5,6)

9. Com respeito àqueles que nunca provaram da boa palavra, Deus está realmente compadecido, e tem uma misericórdia terna. Mas a justiça toma lugar, no que se refere àqueles que já provaram que o Senhor é gracioso; mas, mais tarde, voltaram atrás, 'nos santos mandamentos', então, 'entregues a eles'. 'Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados' (Hebreus 6:4-6); em cujos corações Deus uma vez brilhou, para iluminá-los com o conhecimento da Sua glória, na face de Jesus Cristo; 'e provaram o dom celestial' - a redenção em seu sangue, o perdão dos pecados;  'e se fizeram participantes do Espírito Santo', da humildade, da mansidão, e do amor de Deus e homem, espalhados por todo seu coração, através do Espírito Santo que foi dado junto a eles: mas 'caíram'; -- (aqui não se trata de uma suposição, mas de uma declaração clara do fato) 'para renová-los novamente no arrependimento; vendo que eles de novo crucificaram o filho de Deus e o  expuseram à vergonha declarada'. 

            Mas, para que ninguém possa interpretar mal essas terríveis palavras, deve ser cuidadosamente observado:

            1o. Quem são estes, de quem se está falando aqui; ou seja, eles, tão somente, que uma vez foram, assim, 'iluminados'; eles apenas, 'que provaram' daquele 'dom celestial, e foram', assim, 'feitos parceiros do Espírito Santo'; de modo que todo aquele que não experimentou essas coisas está totalmente fora deste contexto?

            2o. Do que se trata o terem caído, de que se fala aqui: trata-se de uma apostasia [mudança de religião] absoluta e total. Um crente pode cair; porém, não cair fora. Ele pode cair; mas se erguer novamente. E, se ele pode cair, até mesmo no pecado, ainda assim, esse caso, terrível como ele é, não é desesperador. Porque 'nós temos um Advogado com o Pai, Jesus Cristo, o justo; e Ele é a reparação de nossos pecados'.  

Mas que o crente possa, acima de todas as coisas, tomar cuidado, a fim de que seu 'coração não se endureça por causa da aparência enganosa do pecado'; a fim de ele não possa sucumbir, para mais e mais baixo, até que tenha caído totalmente; até que ele se torne como o sal que perdeu seu sabor: Porque, se nós pecamos, assim, intencionalmente, depois de termos recebido 'o conhecimento' experimental 'da verdade; não restará lá sacrifício algum para os pecados; a não ser, certamente, um olhar temeroso, por causa da indignação flamejante, que devora os adversários'.   

II

1. 'Mas, embora não possamos nos separar totalmente da humanidade; embora seja afirmado que nós devemos temperá-la, com a religião que Deus tem forjado em nossos corações; ainda assim, isto não pode ser feito de maneira menos sensível? Nós não podemos comunicar isto aos outros, em segredo, e de uma maneira quase imperceptível, de modo que dificilmente alguém seja capaz de observar, como e quando é feito? –  assim como o sal transmite seu próprio sabor, naquilo em que ele é temperado, sem alarde, e sem estar sujeito a alguma observação exterior? E, sendo dessa forma, por conseguinte, nós podemos não sair do mundo, mas, ainda assim, estarmos escondido nele. Nós podemos, então, manter nossa religião, para nós mesmos; sem melindramos aqueles a quem não podemos ajudar'.

2. Com respeito a este raciocínio plausível da carne e sangue, nosso Senhor esteve atento também. E Ele deu uma resposta completa a isto, naquelas palavras que agora serão consideradas; na explicação das quais, eu me esforçarei para mostrar, como eu me propus fazer, em segundo lugar, que, por quanto tempo a religião verdadeira habite em nossos corações, é impossível ocultá-la; assim como é absolutamente contrário ao  desígnio do seu grande Autor. Primeiro, é impossível para qualquer que a tenha, ocultar a religião de Jesus Cristo. Isto nosso Senhor torna claro, além de toda contradição, por dupla comparação: 'Vocês são a luz do mundo? Uma cidade situada em cima de uma colina não poderá ser oculta'. Vocês, cristãos, 'são a luz do mundo' - com respeito a ambos: temperamento e ações. Sua santidade torna vocês tão evidentes, como o sol no meio do firmamento. Já que vocês não podem sair fora do mundo; nem podem estar nele, sem se apresentarem a toda humanidade.Vocês não podem fugir de homens; e, enquanto vocês estão, entre eles, é impossível que vocês escondam sua humildade, mansidão, e todas aquelas outras disposições, por meio das quais, vocês aspiram ser perfeitos, como seu Pai, que está nos céus é perfeito. O amor não pode se ocultar mais do que a luz; e, menos ainda, quando ele brilha publicamente em ação; quando vocês exercitam a si mesmos nas tarefas do amor, em beneficência de toda espécie. Assim como os homens pensam em esconder uma cidade, eles pensem em ocultar um cristão; sim, tanto quanto eles podem ocultar uma cidade, situada em cima de uma colina, eles podem ocultar um amante de Deus e homem, santo, zeloso e presente.

3. É verdade que os homens que amam a escuridão, preferivelmente, à luz, porque seus atos são pecaminosos, irão fazer todo o possível para provar que a luz que está em vocês é treva. Eles irão falar mal; dizer toda forma de maldade, e falsidade, a respeito do que existe de bom em vocês; eles irão colocar, como sendo da responsabilidade de vocês, o que está muito longe de seus pensamentos; o que é contrário a tudo aquilo que vocês são, e a tudo o que vocês fazem. E a sua permanência contínua, na beneficência, sua mansidão, sofrendo todas as coisas por causa do Senhor, sua calma; alegria humilde, em meio à perseguição, e seu trabalho incansável, para pagar o mal com o bem, irão fazer com que vocês sejam ainda mais visíveis e proeminentes do que eram antes.

            4. Tão impossível quanto é manter nossa religião, sem ser vista, a menos que nós a lancemos fora; tão tolo quanto é o pensamento de esconder a luz, a menos que a coloquemos fora! Certo é que a religião secreta, desapercebida, não pode ser a religião de Jesus Cristo. Qualquer que seja a religião que possa ser oculta, ela não é Cristianismo. Se um cristão pudesse ser oculto, ele não teria sido comparado a uma cidade sobre uma colina; à luz do mundo; ao sol que brilha no firmamento, e que é visto por todo o mundo abaixo. Por conseguinte, que nunca entre no coração daquele que Deus tem renovado no espírito de sua mente, esconder esta luz; guardar sua religião para si mesmo; especialmente considerando que não é apenas impossível ocultar o Cristianismo verdadeiro, mas que isto é, de igual forma, absolutamente contrário ao desígnio do grande Autor dele.

            5. Isto aparece claramente nas seguintes palavras: 'Nem os homens deverão ascender a candeia e colocá-la debaixo do alqueire'. [Esta expressão também significa: não esconda seus talentos. O Sr. Wesley a usou, referindo ao talento de John Fletcher, seu pregador preferido, que ele acreditava seria seu sucessor natural. O Sr. Fletcher morreu antes do Sr. Wesley]. Como se ele [Jesus] tivesse dito: assim como os homens não podem esconder a candeia, apenas para depois cobri-la e ocultá-la; assim, Deus não ilumina alguma alma, com seu glorioso conhecimento e amor, para tê-la coberta e oculta; tanto pela prudência, falsamente assim chamada, quanto pela vergonha, ou humilhação voluntária; e tê-la escondida, tanto em um deserto, quanto no mundo; tanto se esquivando dos homens, quanto conversando com eles. 'Mas eles a colocam em um castiçal, e ela ilumina tudo o que está na casa': De igual maneira, é o objetivo de Deus, que cada cristão possa estar em um lugar estratégico; para que ele possa iluminar tudo a sua volta; para que ele possa visivelmente expressar a religião de Jesus Cristo.

            6. Assim, Deus tem falado, em todas as épocas, ao mundo; não apenas por preceitos, mas por exemplo também. Ele não tem 'deixado a si mesmo, sem testemunha', em qualquer nação, onde o som do Evangelho tenha surgido, sem que alguns tenham testificado sua verdade, através de suas vidas, tanto quanto, através de suas obras. Esses têm sido 'como as luzes, brilhando em um lugar escuro'. E, de tempos em tempos, eles têm sido os meios de iluminar alguns; preservando uma sobra, uma pequena semente que foi 'confiada junto ao Senhor por gerações'. Eles têm conduzido algumas pobres ovelhas, para fora da escuridão do mundo, e guiado seus pés para o caminho da paz.

7. Alguém poderia imaginar que, onde ambas, a Escritura e a razão das coisas, falam tão claramente e expressamente, não poderá haver muito avanço do outro lado, pelo menos não com alguma aparência de verdade. Mas eles, que pensam dessa forma, sabem pouco das profundezas de Satanás. Afinal de contas, toda esta Escritura e razão têm dito que os pretextos para a religião solitária; para que um cristão saia do mundo, ou, pelo menos, se esconda nele, são tão excessivamente plausíveis; que nós precisamos de toda a sabedoria de Deus para vermos, através da armadilha, e todo o poder de Deus, para escaparmos dela; tantas e fortes são as objeções que têm sido trazidas contra o fato de serem cristãos sociais, abertos e presentes.

III

1. Para responder a esses, eu proponho uma terceira coisa. Primeiro, que tem sido freqüentemente objetado que a religião não se situa nas coisas exteriores; mas no coração, no mais íntimo da alma; que se trata da união da alma com Deus; a vida de Deus, na alma do homem; que a religião exterior não é válida - vendo que Deus 'não se satisfaz com as burnt-offerings, nos serviços exteriores, mas que um coração - puro e santo -  é 'um sacrifício que ele não irá desprezar'.

Eu respondo que é mais do que verdade que a raiz da religião se situa no coração, no mais íntimo da alma; que esta é a união da alma com Deus; a vida de Deus na alma do homem. Mas, se essa raiz estiver realmente no coração, ela não poderá deixar de desenvolver seus ramos. E esses são os diversos exemplos da obediência exterior, que compartilham da mesma natureza da raiz; e, conseqüentemente, não são apenas marcas ou sinais, mas partes substanciais da religião.

É verdade também que essa religião exterior desnudada, que não tem raiz no coração, não tem valor; que Deus não está satisfeito com tais serviços exteriores; não mais do que com as 'burnt-offerings' dos judeus; e que um coração puro e santo é um sacrifício do qual ele se agrada. Mas ele também está muito feliz com todo aquele serviço exterior que se ergue do coração; com o sacrifício de nossas orações (quer públicas ou privadas), de nossos louvores e ações de graça; com o sacrifício de nos bens, humildemente devotados a ele, e empregados totalmente para sua glória; e com aquele de nossos corpos, que ele peculiarmente reivindica; que o Apóstolo implora a nós, 'pelas misericórdias de Deus, que apresentemos junto a Ele, como um sacrifício vivo, santo e aceitável ao Pai'. 

2. Uma segunda objeção, proximamente relacionada a isto, é aquele amor que é tudo em tudo; que é 'o cumprimento da lei'; 'finalidade do mandamento', de todo o mandamento de Deus; que tudo o que fazemos, e tudo o que sofremos, se nós não tivermos caridade ou amor, de nada valerá; e, por conseguinte, o Apóstolo nos direciona a 'ir a busca do amor' e aplicar isto 'da maneira mais excelente'.

Eu respondo: Admite-se que o amor de Deus e homem, surgindo da fé sincera, é tudo em todos; o cumprimento da lei; a finalidade de todo mandamento de Deus. É verdade que, sem isto, o que quer que façamos; o que quer que soframos, de nada vale. Mas não se segue que este amor é tudo, em tal sentido, como para relegar, tanto a fé ou as boas obras. Ele é 'o cumprimento da lei'; não, por nos livrar dela; mas, por nos constranger a obedecê-la. 'E a finalidade do mandamento', uma vez que todo mandamento conduz a ele, e faz convergir a ele. É permitido, que, o que quer que façamos ou soframos, sem amor, não tem proveito algum. Mas, sobretudo, o que quer que façamos ou soframos no amor, embora seja apenas o sofrer reprovação por causa de Cristo, ou dar um copo de água fria, em seu nome, não deverá, de maneira alguma, perder seu galardão.     

3. 'Mas o Apóstolo não nos direciona a seguir em busca do amor?'. E ele não denomina isto 'um caminho mais excelente?' – Ele nos direciona a 'seguir em busca do amor'; mas não em busca dele apenas. Suas palavras são: 'seguir em busca do amor'; e 'procurar com zelo os dons espirituais'. (I Cor. 14:1). Sim. 'Busque o amor',  e deseje usar e ser usado por seus irmãos. 'Seguir em busca do amor';  e quando tiver oportunidade, fazer o bem a todos os homens.  

No mesmo verso também, no qual ele denomina o caminho do amor, 'um caminho mais excelente', ele direciona os Corintios a desejarem outros dons além dele; sim, a desejarem sinceramente. Portanto, procurai com zelo', diz ele, 'os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente. (I Cor 12:31). Mais excelente do que? Do que os dons da cura, do falar em línguas, e de interpretá-la, mencionado no verso precedente; mas não mais excelente do que o caminho da obediência. Disto o Apóstolo não está falando; nem ele está falando da religião exterior, afinal: De modo que este texto está completamente fora da presente questão.  

            Mas supondo-se que o Apóstolo tenha falado da religião exterior, assim como da interior, e as comparado, uma com a outra; supondo-se que, na comparação, ele tenha dado preferência muito mais à segunda; supondo-se que ele tenha preferido (como ele justamente poderia) o coração amoroso, diante de todas as obras exteriores, quaisquer que fossem; ainda assim, isto não significaria que nós deveríamos rejeitar, tanto uma quanto a outra. Não. Deus as tem reunido, desde o começo do mundo; e que nenhum homem as coloque em separado.

            4. "Mas 'Deus é um Espírito; e eles o adoram; devem adora-lo, em espírito e verdade'. E isto não é suficiente? Mais ainda... Nós não devemos empregar toda a força de nossa mente nisto? Não atende às coisas exteriores, frear a alma, para que ela não possa elevar-se nas alturas, na contemplação santa? Isto não amortece o vigor de nosso pensamento? Isto não tem uma tendência natural de dificultar e distrair a mente? Considerando que Paulo nos teria dito para que fôssemos 'sem esmero', e para 'esperarmos no Senhor sem abstração?'".

Eu respondo que 'Deus é um Espírito; e eles que o adoram, devem adorar a Ele em espírito e verdade'. Sim, e que isto é suficiente: Nós devemos empregar toda força de nossa mente nisto. Mas, então, eu perguntaria:

Por que adorar a Deus, um Espírito, 'em espírito e em verdade?'.

Porque é adorá-Lo, com nosso espírito; adorá-Lo, da maneira que ninguém mais é capaz, a não ser os espíritos. É para crer Nele, como um Ser sábio, justo e santo; os mais puros olhos que observam a iniqüidade; e, ainda assim, sendo misericordioso, gracioso, e longânime; perdoando a iniqüidade, transgressão e pecado;  jogando todos os nossos pecados, atrás de suas costas, e aceitando-nos no Amado. Significa amá-Lo, deleitarmo-nos Nele, desejarmos a Ele, com todo nosso coração, e mente, e alma, e força; para imitarmos a Ele, nós amamos, purificando a nós mesmos, assim como Ele é puro; e obedecemos a Ele, a quem amamos, e em quem cremos - tanto em pensamento, palavra e obra. Conseqüentemente, um ramo da adoração a Deus, em espírito e em verdade, é manter seus mandamentos exteriores. É glorificá-Lo, por conseguinte, com nossos corpos, tanto quanto com nossos espíritos; seguirmos através das obras exteriores, com os corações erguidos até ele; para tornarmos nosso empreendimento diário, um sacrifício a Deus; quer comprando, ou vendendo; comendo e bebendo, sendo para Sua glória; -- isto é adorar a Deus, em espírito e verdade, assim como, o orar a Ele, na solitude.

5. Mas, em assim sendo, então, a contemplação é apenas um caminho da adoração a Deus, em espírito e verdade. Por conseguinte, nos entregando inteiramente a isto, seria destruir muitos outros ramos da adoração espiritual; todos igualmente aceitáveis a Deus, e igualmente proveitosos, e em nada prejudiciais, para a alma. Por isso, trata-se de um grande equívoco, supor que uma atenção a essas coisas exteriores, por meio das quais a providência de Deus nos tem chamado, é algum obstáculo para um cristão, ou algum impedimento, afinal, a que ele sempre busque a Ele que é invisível. Isto, afinal, não impede o ardor de seu pensamento; não obstrui ou distrai sua mente; não significa um cuidado inquietante e prejudicial àquele que faz isto junto ao Senhor; àquele que tem aprendido que, o que quer que ele faça, em palavra ou ação, deverá ser tudo feito, no nome do Senhor Jesus; a sua alma tendo apenas um olho, que se move em torno das coisas exteriores, e um que se fixa em Deus, imóvel.

Aprendam o que isto significa, vocês pobres reclusos, para que vocês possam discernir claramente sua própria insignificância de fé. Sim. Que vocês possam não mais julgar os outros, por vocês mesmos, e seguirem e aprenderem o que aquilo significa: --

Tu, Ó Senhor, em terno amor,
torna todos os meus fardos suportáveis.
Eleva meu coração para as coisas acima.
E o fixa sempre lá.
Calmo, nas rodas do tumulto, eu me sento;
Sozinho, em meio às multidões atarefadas;
Docemente esperando, a teus pés

            6. Mas a grande objeção ainda está atrás: 'Nós apelamos', eles dizem, 'para a experiência. Nossa luz brilhou; nós usamos de todas as coisas exteriores, durante muitos anos; e, ainda assim, elas não valeram de nada. Nós atendemos a todas as ordenanças; mas nós não ficamos coisa alguma melhor; nem, realmente, qualquer outro. Mais do que isto, nós ficamos piores; já que nós nos supúnhamos cristãos, por assim estarmos agindo, quando nós não sabíamos o que o Cristianismo significava'. 

            Eu reconheço o fato: Eu concordo que você, e outros dez mil mais, têm assim abusado das ordenanças de Deus; tomando os meios pelos fins; supondo que fazendo essas, ou outras obras exteriores, tanto seria a religião de Jesus Cristo, quanto seria aceitável no lugar dela. Mas permita que esse abuso seja tirado fora, e use o que permanecer. Agora, use todas as coisas exteriores, mas a use com um olho constante, para a renovação de sua alma, na retidão e santidade verdadeira.

            7. Mas isto não é tudo: Eles afirmam: 'A experiência mostra igualmente, que tentar fazer o bem é trabalho perdido. Que proveito existe em alimentar e vestir o corpo dos homens, se ele serão atirados no fogo eterno? E que bem estará algum homem fazendo às suas almas? Se essas coisas pudessem mudar, Deus mesmo se incumbiria disto. Tanto dos homens que são bons, ou desejosos de assim serem, quanto os que são obstinadamente maus. Agora, os primeiros não precisam de nós; que eles peçam, então, ajuda a Deus, e ela será dada a eles: E os últimos, não irão receber o que se pode considerar ajuda de nós. Mais ainda: nosso Senhor proíbe 'atirar pérolas aos porcos!'.

            Eu respondo:

            1o. Quer eles estejam finalmente condenados ou salvos, você é expressamente ordenado a alimentar o faminto e a vestir o desnudo. Se você puder fazê-lo, e não o fizer, no que quer que eles se tornem, você irá direto para o fogo eterno!

            2. Embora seja Deus unicamente quem muda os corações; ainda assim, Ele geralmente o faz, através do homem. Esta é a parte que nos cabe fazer, em tudo o que ele nos coloca, tão diligentemente, como se nós pudéssemos mudá-los por nós mesmos; e, então, deixarmos o que for acontecer a Ele.

            3o. Deus, em respeito às orações deles, edificou seus filhos, um por um, com todo bom dom: nutrindo e fortalecendo todo o 'corpo, para que com isso, todas as juntas sejam supridas'. De maneira que 'o olho não possa dizer para a mão: eu não preciso de ti'; não; nem mesmo 'a cabeça aos pés: eu não tenho necessidade de você'.  Por fim, como vocês podem afirmar que essas pessoas, diante de vocês, são cães ou porcos? Não os julguem, até que vocês tenham tentado. 'Quanto tu sabes, ó homem,a não ser que tu podes ganhar um irmão';  -- a não ser que tu podes, debaixo de Deus, salvar sua alma da morte? Quando ele rejeitar teu amor, e blasfemar das boas palavras, então, será hora de entregá-lo aos cuidados de Deus.

8. 'Nós tentamos; nós trabalhamos, para reformar pecadores; e do que adiantou? Em muitos nós não causamos impressão alguma, afinal. E, se alguns mudaram, por algum momento, ainda assim, a santidade dele foi como o orvalho da manhã, e eles logo estavam maus; mais ainda, estavam piores do que nunca: De modo que nós apenas causamos dor a eles e a nós mesmos, também; já que nossas mentes estavam tão preocupadas e perturbadas. – talvez, cheia de raiva, em vez de amor: Por conseguinte, melhor seria que tivéssemos mantido nossa religião para nós mesmos'.

            É muito provável que este fato também seja verdadeiro; que vocês tenham tentado fazer o bem, e não tenham tido sucesso; sim, que esses que pareceram reformados, reincidiram no pecado, e seu estado final tenha sido pior do que o anterior. E qual a admiração disto? É o servo acima de seu mestre? Quão freqüentemente, Ele se esforçou para salvar pecadores, e eles não puderam ouvir; ou quando o seguiram, por algum momento, eles voltaram atrás, como um cão para seu vômito! Mas ele, no entanto, não desistiu de se esforçar em fazer o bem: Quanto mais, vocês, qualquer que seja o resultado. É a parte de vocês, fazerem como ele ordenou: O resultado está nas mãos de Deus. Vocês não são responsáveis por isto. Deixem  com ele que ordena todas as coisas para o bem. 'Pela manhã, semeia a tua semente e, à tarde, não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas igualmente serão boas'. (Eclesiastes 11:6)

Mas a tentativa inquieta e aborrece suas almas. Talvez, isto aconteça, nessa mesma ocasião, porque vocês pensaram que fossem responsáveis pelo resultado, o que homem algum é, e nem de fato pode ser, -- ou, talvez, porque vocês não estavam se protegendo; vocês não estavam vigiando seus próprios espíritos. Mas isto não é motivo para vocês desobedecerem a Deus. Tentem novamente; mas façam, com maior prudência do que antes. Faça o bem (como vocês esqueceram) 'não sete vezes apenas, mas até setenta vezes sete'. Apenas sejam mais sábios, através da experiência? Empreendam isto, todo o tempo, mais cuidadosamente do que antes. Sejam mais humildes, diante de Deus; mais profundamente convencidos de que de vocês mesmos, vocês não podem fazer coisa alguma. Sejam mais zelosos, sobre seu próprio espírito; mais gentis, e atentos junto às orações. Assim, 'mesmo lançando seu pão nas águas, vocês irão encontrá-lo novamente, depois de muitos dias'. 

IV

            1. Não obstante todas esses pretextos plausíveis para ocultá-la, 'permitam que a luz de vocês brilhe, diante dos homens; que eles possam ver suas boas obras, e glorificarem o Pai que está nos céus'. Esta é a aplicação prática que o próprio nosso Senhor faz nas considerações a seguir:

            'Permitam que a luz de vocês brilhe': -- Sua mansidão de coração; sua gentileza; sua humildade de sabedoria; sua preocupação séria e ponderada, com respeito às coisas da eternidade; e tristeza pelos pecados e misérias dos homens; seu sincero desejo de santidade universal, e completa felicidade em Deus; sua disposição terna para com toda a humanidade, e o ardoroso amor para com seu supremo Benfeitor. Não se esforcem para esconderem essa luz, por meio da qual, Deus tem iluminado suas almas; mas permita que ela brilhe diante de homens; diante de todos com quem vocês estão; em todo teor de sua conversação. Que ela brilhe ainda mais eminentemente, em suas ações, em vocês fazerem todo o bem possível a todos os homens; no seu sofrer por causa da retidão, enquanto vocês 'se regozijam e estão excessivamente felizes, sabendo que grande é o galardão de vocês nos céus'.

            2. 'Permitam, assim, que a luz de vocês brilhe diante de homens, de modo que eles possam ver as boas obras': -- Tanto quanto um cristão está sempre objetivando ou desejando ocultar a própria religião! Pelo contrário, que seja desejo de vocês não escondê-la; não colocar a luz, debaixo do alqueire. Que seja a tarefa de vocês colocá-la 'sobre um castiçal, para que possa iluminar a todos que estão na casa'. Apenas, atentem para não buscarem o seu próprio mérito nisto; a não desejarem alguma honra para vocês mesmos. Mas que seja seu único objetivo, que todos aqueles que vejam suas boas obras 'possam glorificar seu Pai que está nos céus'.  

            3. Seja este seu objetivo final, em todas as coisas. Com esta visão, sejam claro, abertos, sem disfarces. Permitam que o amor de vocês seja sem dissimulação: Por que vocês esconderiam um amor justo e desinteressado? Que a malícia não seja encontrada em suas bocas: Permitam que suas palavras sejam a pintura genuína do coração de vocês. Que não haja escuridão, ou segredos em suas conversas; nenhum disfarce em seus comportamentos. Deixem isto para aqueles que têm outros objetivos em vista; objetivos que não suportam a luz. Sejam naturais e simples, para com toda a humanidade; para que todos vejam a graça de Deus que está em vocês. E, embora alguns venham endurecer os próprios corações; ainda assim, outros levarão ao conhecimento, que vocês têm estado com Jesus, e, ao retornarem para si mesmos "para o grande Bispo da alma deles, 'glorificarem o Pai de vocês que está nos céus'".

            4. Com este único objetivo, que os homens possam glorificar a Deus em vocês, sigam em nome Dele, e no poder de Sua força. Não se envergonhem mesmo que fiquem sós; que seja nos caminhos de Deus. Permitam que a luz, que está em seus corações brilhe, em todas as boas obras – obras de devoção e obras de misericórdia. E, com o objetivo de ampliar a sua habilidade em fazer o bem, renunciem a toda as superficialidades. Cortem foram toda despesa desnecessária, em comida, móveis, vestuário. Sejam bons mordomos de todo dom de Deus; mesmo desses seus dons menores. Eliminem todos os gastos desnecessários de tempo; todos os empreendimentos supérfluos e inúteis; e 'o que quer que suas mãos encontrem o que fazer, que vocês  façam com toda a força de vocês'.  Na palavra, sejam cheios de fé e amor; façam o bem; sofram o mau. E, nisto, sejam 'firmes, imutáveis'; sim, 'sempre abundando nas obras de Deus; visto que vocês sabem que o trabalho de vocês não será em vão no Senhor'. 


[Edited por John Edwin Walker, Jr., estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções por George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]

ESTUDO DOUTRINÁRIO / BIBLIOLOGIA


BIBLIOLOGIA


DOUTRINA DAS ESCRITURAS



A BÍBLIA


Etimologicamente, o termo Bíblia é o plural da palavra grega Biblos ou a forma diminutiva biblion, mais utilizada na versão dos LXX e no Novo Testamento.  Significava, no princípio qualquer tipo de documento escrito: rolo – códice – carta e etc...
Na versão dos LXX  e nas fontes judaicas e cristãs, o termo “Livro Sagrado “ ou plural hierai bibloi designava o Pentateuco ou o conjunto do Antigo testamento.
Os cristãos utilizavam  o termo grego plural “ ta bíblia “ e o derivado latim “ bíblia “ para designar as escrituras hebraicas. Na Idade Média, utilizou-se o termo latim  “ Bíblia “.  O Novo Testamento utiliza o termo plural  “ Escrituras “ para se referir à  “ Escritura “, no singular, para se referir a determinada passagem.

DEUS SE REVELA NA BÍBLIA
A BÍBLIA FORMA UMA UNIDADE COMPLETA.
A BÍBLIA PERMITE O ENCONTRO ENTRE DEUS E A PESSOA.
A INERRÂNCIA NA BÍBLIA SE EVIDENCIA.

CÃNON

Toda  religião revelada precisa do estabelecimento de um Cânon sagrado que identifica a revelação de DEUS.



CÂNON JUDAICO


O Cânon Judaico é composto de 24 livros, dividido em treis grupos:
A lei ( Torah ) , os profetas  ( Nebhim ) e os escritos ( Kethubim ).

TORAH – Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômio.

NEBHIM – Josué,  Juízes, Samuel, Reis, Isaías, Jeremias, Exequiel e Os doze  ( os nossos profetas menores )

KETHUBIM – Samos, Provérbios, Jô ( poesia ), Cantares, Ruth, Lamentações, Eclesiastes, Éster ( os cinco rolos ), Daniel, Esdras, Neemias e Crônicas.

Os cinco rolos são chamados assim, porque cada um deles foi escrito individualmente para ser lido nas festividades judaicas:

Cantares na Páscoa
Rute no Pentecostes
Eclesiastes na festa dos tabernáculos
Éster no Purim  e
Lamentações no aniversário da destruição de Jerusalém.

TALMUDE -


Não  é Bíblia hebraica, mas sim, o comentário que interpreta a Bíblia judaica.  O Talmude é o conjunto da Mishmá e da Gueramá.

A Mishmá é o comentário das Escrituras ( Velho Testamento Hebraico ).

Gueramá é o comentário da Mishmá. Para os judeus, o Talmude é reconhecido como tendo a mesma autoridade da Bíblia hebraica.

Mas para os cristãos ele não se revela de nenhuma autoridade.




CÂNON CATÓLICO

O cânon católico do Antigo Testamento é o mesmo da Septuaginta.
Os livros estão divididos em quatro partes: Leim História, Poesia e Profecia, mas com o acréscimo dos livros apócrifos. Assim o cânon católico hebraico soma ao todo 46 livros:

LEI. Gênesis,  Êxodo, Levítico, Números  e Deuteronômio.

HISTÓRICOS: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, ou Paralipômenos, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, 1 e 2
Macabeus.

POÉTICOS. Jô, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares, Sabedoria e Eclisiástico.

PROFÉTICOS. Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruque, Ezequiel, Daniel,  Amós, Osséias, Joel, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.


CÂNON PROTESTANTE

Sob o critério de linguagem e conteúdo, a Bíblia está dividida em duas partes principais: O Aantigo Testamento e o Novo Testamento.
O Antigo Testamento tem 39 livros e o Novo Testamento 27 livros, totalizando 66 livros diferentes:

LEI. Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

HISTÓRICOS. Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras. Neemias Ester.

POÉTICOS. Jô, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares.

PROFÉTICOS. Osaías, Jeremias, Lamentações, Ezaquiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
APÓCRIFOS. Livros que não foram recebidos pela comunidade cristã como inspirados.  O termo em grego significa  “escondido” , pois os livros se apresentavam  como revelações secretas.
Os apócrifos não são aceitos como sagrados pelos protestantes e judeus. Esse termo significa  “ espúrio, oculto, secreto”. Foram fixados nas edições católicas por determinação do Concílio de Trento ( 15445 – 1563).

RESUMO DAS HERESIAS NOS APÓCRIFOS

Tobias ( 2000 aC. )

È uma história novelística sobre a bondade de Tobiel ( pai de Tobias ) e alguns milagres preparados pelo anjo Rafael.
Suas Heresias:
A justificação pelas obras – 4.7-11; 12.8
Mediação dos Santos – 12.12
Superstições – 6,5,7-9,19.
Um anjo engana Tobias e o ensina a mentir – 5.16-19

Judite  ( 150 aC. )

História de uma Heroína viúva e formosa que salva sua cidade enganando o inimigo’e, em seguida corta sua cabeça. Sua grande heresia é sua própria história, na qual os fins justificam os meios.

Baruque  ( 100 A.D. )

Traz entre outras coisas, a intercessão pelos mortos – 3 – 4.

Eclesiástico  ( 180 a.C. )

È muito semelhante ao livro de Provérbios, não fosse tantas heresias. A saber:
Justificação pelas obras – 3.33-34.
Trato cruel aos escravos – 33.26,30; 42.1,5.
Incentiva o ódio aos samaritanos – 50.27,28.




Sabedoria de Salomão  ( 40 A.D. )

Livro escrito com a finalidade exclusiva de lutar contra a incredulidade e a idolatria do epicurismo  ( filosofia grega na Era Cristã ).

Suas heresias:

O corpo como prisão da alma – 9.15.
Doutrina estranha sobre a origem e o destino da alma – 8.19,20.
Salvação pela sabedoria – 9.9.

I Macabeus  ( 100 a.C.)

Descreve a história de três irmãos da família  “ macabeus “ que, nop chamado período interbíblico ( 400 anos a.C.  3 A.D.), lutam contra os inimigos dos judeus visando a preservação de seu povo e da terra.

II Macabeus  ( 100 a.C. )

Não se trata de continuação de I macabeus. São, no entanto, narrativas paralelas, cheias de lendas e prodígios de Judas Macabeus.

Suas heresias:

A oração pelos mortos – 12.44-46.
Culto e missa pelos mortos – 12.43.
O próprio autor não se junga inspirado – 2.25-27; 15,38-40.
Intercessão pelos santos – 7.28; 15,14.

Deuterocanônicos

Designa os livros aceitos pelos católicos que não foram incluídos no Cânon escriturístico da comunidade judaica.

Pseudepígrafos

È usado pelos protestantes para indicar livros por pessoas inspiradas. Esses livros, no entanto, não estão nos cânones judaico, católico e prostestante.

CÂNON PROTESTANTE

PENTATEUCO  ( TORAH )

GÊNESIS

Autor :   Moisés

Tema :  Começos

50 capítulos.

Foi escrito de conformidade com o propósito de DEUS a fim de dar ao seu povo segundo ao concerto, tanto no AT quanto no NT, uma compreensão fundamental de si mesmo, da criação, da raça humana, da queda, da morte, do julgamento, do concerto e da promessa da redenção através do descendente de Abraão.


ÊXODO

Autor : Moisés

Tema: A Redenção.

40 capítulos.

Êxodo foi escrito para que tivéssemos um registro permanente dos atos históricos e redentores de DEUS, pelos quais Israel foi liberto do Egito e organizado como sua nação escolhida.
Pelos mesmos atos divinos, Israel também recebeu a revelação escrita, do concerto de DEUS e aquela nação. Também, foi escrito como um ele extremamente  importante da auto-revelação geral e progressiva de DEUS, que culminou na pessoa de Jesus Cristo e no NT.





LEVÍTICO

Autos:  Moisés

Tema:  Santidade

27 capítulos

Levítico foi escrito para instruir os israelitas e seus mediadores sacerdotais acerca do seu acesso a DEUS por meio do sangue expiador e para expor o padrão divino da vida santa que deve ter o povo escolhido de DEUS.



NÚMEROS

Autor: Moisés

Tema: Peregrinação no deserto.

36 capítulos

Números foi escrito para relatar por que Israel não entrou na terra prometida imediatamente depois de partir do monte Sinai. O livro trata da fé que DEUS requer de seu povo, dos seus castigos e juízos contra a rebelião e do cumprimento progressivo do seu propósito.









DEUTERONÔMIO

Autor: Moisés

Tema: Renovação do Concerto.

34 capítulos.

O Propósito original de Moisés ao proferir seus discursos diante da nova geração de Israel, antes de entregar as rédeas do governo a Josué para efetuar a conquista de Canaã, foi exortar e instruir os israelitas a respeito:

1     dos atos poderosos de DEUS e suas promessas;

2     seus deveres segundo o concerto: a fé e a obediência;

3     a necessidade de dedicarem-se ao Senhor, para andarem nos seus 
       caminhos, amá-lo e honra-lo de todo o coração, alma e forças.

LIVROS HISTÓRICOS

JOSUÉ

Autor: Josué

Tema: A Conquista de Canaã.

Data: século XIV a.C.

24 capítulos

O Livro de Josué foi escrito como um registro de fidelidade de DEUS, no cumprimento de suas promessas pactuais a Israel, concernentes a terra de Canaã.  As vitórias da conquista apareceram como atos libertadores da parte de DEUS pró Israel sobre uma decadente cultura cananéia.


A violência  neste livro deve ser enquadrada nesta perspectiva. A arqueologia confirma que o povo cananeu era caracterizado por extrema depravação e crueldade quando Israel ocupou a terra.


JUIZES
Autor:  Anônimo

Tema: Apostasia e Livramento

Data: Cerca de 1050 – 1000 a.C.

21 capítulos

Historicamente Juízes fornece o relato principal da história de Israel na terra prometida, da morte de Josué aos tempos de Samuel. Teologicamente, revela o declínio espiritual e moral das tribos, após se estabelecerem na terra prometida. Esse registro deixa claro os infortúnios que sempre ocorriam a Israel quando ele se esquecia do seu concerto com o Senhor e escolhia a senda da idolatria e da devastação.


RUTE
Autor: Anônimo

Tema: Amor que Redime

Data: século X a.C.

04 capítulos

O livro de Rute foi escrito  afim de mostrar o amor altruísta e do devido cumprimento da lei de DEUS, uma jovem mulher moabita, virtuosa e consagrada, veio a ser a bisavó do rei Davi de Israel. O livro também foi escrito para perpetuar uma história admirável dos tempos dos juízes a respeito de uma família piedosa cuja fidelidade na adversidade constata fortemente com o generalizado declínio espiritual e moral de Israel, naqueles tempos.

I SAMUEL
Autor: Anônimo

Tema: Reino Teocrático

Data: Fins do século X a.C.

31 capítulos

I Samuel descreve o momento decisivo da história de Israel, em que as rédeas do governo passaram do juiz para o rei. O livro relata a tensão entre a expectativa do povo quanto a um rei ( soberano e absoluto como em todas as nações ), e os padrões teocráticos de DEUS, pelos quais Ele era o Rei do seu povo. O livro mostra claramente que a desobediência de Saul a DEUS e sua violação dos princípios teocráticos do seu cargo levaram DEUS a rejeita-lo e a substituí-lo como rei.

II SAMUEL

Autor: Anônimo

Tema: O reinado de Davi

Data: Fins do século X a.C.

24 capítulos

II Samuel continua a história do aspecto teocrático da monarquia de Israel.  Ilustra a fundo, como exemplos do reinado de Davi e da sua pessoal, as condições do concerto de Israel, conforme Moisés as definiu em Deuteronômio: a obediência ao concerto resulta em bênçãos divinas; o desprezo pela lei de DEUS resulta em maldições e castigos.






1 REIS

Autor: Anônimo

Tema: Reis de Israel e Judá

Data: Cerca de 560-550 a.C.

22 capítulos

1 e 2 Reis foram escritos para prover ao povo hebraico no exílio babilônico uma versão bíblica da sua história, e assim compreenderem por que a nação dividiu-se em 930 a.C., por que o Reino do |Norte, Israel caiu e, 722 a.C., o por que o reino davídico e Jerusalém caíram em 586 a.C.   Os livros de Reis salientam que a divisão e o colapso  de Israel e de Judá foram uma conseqüência  direta e inevitável da idolatria e da impiedade dos reis e da nação como um todo.  Tendo em vista esse fato, os livros abordam o sucesso ou fracasso de cada rei, de conformidade com sua fidelidade ou infidelidade a DEUS e ao concerto. Esta perspectiva bíblica tinha por objetivo fazer com que os cativos repudiassem para sempre a idolatria, buscassem a DEUS e cumprissem seus mandamentos nas gerações futuras.

2 REIS

Autor: Desconhecido

Tema: Reis de Israel e Judá.

Data: Cerca de 560-550 a.C.

25 capítulos

O propósito de 2 Reis é o mesmo que o de 1 Reis. Em Resumo: o propósito original era propiciar ao povo hebreu, especialmente os exilados em babilônia, uma interpretação e compreensão profética da sua história  durante a monarquia dividida para que não repetissem os pecados dos seus antepassados.


1 CRÔNICAS

Autor: Esdras ?

Tema: A história de Israel sob o Prisma da Redenção

Data: 450-420 a.C.

29 capítulos

Os livros das Crônicas foram escritos para vincular os judeus regressos do cativeiro aos seus antepassados  e á sua história  messiânica.  Assim fazendo, eles ressaltaram 3 coisas:  (l) a importância da preservação das tradições raciais e espirituais dos judeus;  (2) a importância da lei, do templo e do sacerdócio no seu contínuo relacionamento com DEUS, muito mais importante do que sua lealdade a um rei terreno; (3) a esperança máxima de Israel na promessa divina de um descendente messiânico de Davi assentar-se no trono para sempre.

2 CRÔNICAS

Autor: Esdras ?

Tema: Adoração Verdadeira, Avivamento e Reforma

Data: 450-420 a.C.

36 capítulos

Como 1 Crônicas, 2 Crônicas foi dirigido ao remanescente judaico que retornará, sentindo a urgente necessidade de reaver sua herança espiritual. Ao invés de salientar o lado sombrio do passado de Israel, o livro enfatiza o avivamento, a reforma e a recuperação da fé para os exilados desalentos, que buscam na terra prometida um futuro e uma esperança redentora.


ESDRAS

Autor:  Esdras

Tema: Restauração de um remanescente.

Data: 450-420 a.C.

10 capítulos

Este livro foi escrito para demonstrar a providência e fidelidade de DEUS na restauração do remanescente judaico que voltou do exílio da babilônia.
(1) DEUS moveu os corações de três diferentes reis persas para ajudarem o povo de DEUS a regressar á pátria, a repovoar Jerusalém e a reedificar o templo.  (2) proveu líderes espirituais e capazes para conduzir o remanescente que retornava, a um avivamento  espiritual ao culto a DEUS, na dedicação á palavra divina e no arrependimento por causa da infidelidade do povo de DEUS.

NEEMIAS

Autor:  Esdras e Neemias ?

Tema: Reedificação dos Muros de Jerusalém

Data: 430-420 a.C.

13 capítulos

Este livro foi escrito (1) como epílogo da história pós-exílica de Judá, iniciada no livro de Esdras, e (2)  para demonstrar o que DEUS fez em favor do remanescente judeu através da liderança piedosa de Neemias e Esdras  durante a terceira etapa da restauração pós-exílica.






ESTER
Autor: Desconhecido

Tema: O cuidado Providencial de DEUS

Data: 460-400 a.C.  - 10 capítulos

O livro tem um propósito duplo.  (1) Foi escrito para demonstrar a proteção e livramento de extermínio iminente do povo judeu, mediante a intervenção de DEUS através da Rainha Ester.  Embora o nome de DEUS não seja mencionado especificamente, a  evidência é patente da sua providência no decurso de todo o livro. (2) Foi escrito, também,  para prover um registro e contexto histórico da festa judaica de Purim e, assim, manter viva para gerações futuras. A lembrança desse grande livramento do povo judeu na Pérsia ( cf. a festa da Páscoa e o grande livramento dos Israelitas da escravidão do Egito ).

LIVROS POÉTICOS

Autor:  Desconhecido

Tema:  Por Que Sofre o Justo?

Data: Incerta

42 capítulos

Jó é um dos livros sapienciais e ´poéticos do AT; “ sapiencial “, porque trata profundamente de relevantes assuntos universais  da humanidade, poético, porque quase totalidade do livro está elaborada em estilo poético. Sua poesia, todavia, tem por base um personagem histórico e real ( Ver Ez 14,14-20 ) e um evento histórico e real ( Ver Tg 5,11 ). Os fatos do livro de desenrolam na  “terra de Uz “ , que posteriormente veio a ser o território de Edom, localizado a sudeste do Mar Morto, ou norte da Arábia ( cf. Lm 4,21 ). Assim sendo, o contexto histórico de Jô é mais árabe do que judaico.


Há duas datas importantes relacionadas a Jó;  ( l ) a data do próprio Jô e dos eventos descritos no livro; ( 2 )  a data da escrita inspirada do livro. Certos fatos indicam que Jô viveu por volta dos tempos de Abraão  ( 2000 aC. ) ou até antes. Os fatos mais destacados são: ( 1 ) ele ter vivido mais 140 anos após os eventos do livro ( 42.16 ), o que sugere uma duração de vida de quase 200 anos  ( Abraão viveu 175 anos );  ( 2 ) suas riquezas eram calculadas em termos de  gado  ( 1.3; 42.12 ); ( 3 ) sua atividade como sacerdote da família, idêntica à de Abraão, Isaque e Jacó ( 1,5 ); ( 4) a família patriarcal como unidade social básica, semelhante aos dias de  Abraão ( 1.4, 5, 13 ); ( 5 )  as  incursões  dos  sabeus  ( 1,15 )  e  dos caldeus
( 1,17 ), que se encaixam na era abraâmica;  (6 ) o uso freqüente ( trinta e uma vezes )  do nome patriarcal comum de Deus, Shaddai ( “ O Onipotente “, e ( 7 ) a ausência da referência a fatos da história israelita ou à lei  mosaica também sugere uma era pré-mosaica ( antes de 1500 aC. ).
Há treis diferentes pontos de vista sobre a data da escrita deste livro. Talvez tenha sido escrito: ( 1 )  durante a era patriarcal ( 2000 aC. ), pouco depois da ocorrência dos eventos citados, e talvez pelo próprio Jô;
(2 ) durante ao reinado de Salomão ou pouco depois ( 900 a 950 aC. ) ,pelo fato de o estilo literário do livro assemelhar-se ao da literatura sapiencial daquele período;  ou ( 3 ) durante o exílio de Judá ( 586 – 538 aC. ), quando, então,  o povo de Deus procurava entender teologicamente o significado da sua calamidade ( cf. Sl 137 ).  Se não foi o próprio Jô, o escritor deve ter obtido informações detalhadas, escritas ou orais oriundas daqueles dias. As quais ele utilizou sob o impulso da inspiração divina para escrever o livro na feição em que o temos.  Certas partes do livro vieram evidentemente da revelação direta de DEUS  ( 1.6 – 2,10 ). 

SALMOS

Livro  1  -  Salmos     1 a  41   - Genesis
Livro 2  -   Salmos   42 a  72   - Êxodo
Livro 3  -   Salmos   73 a  89   - Levítico
Livro 4  -   Salmos   90 a  106  - Números
Livro 5  -   Salmos  107 a 150  - Deuteronômio


Autor:  Davi e outros

Tema:  Oração e Louvor

Data:   Quase todo foi escrito entre os séculos X a V aC.

O título hebraico dos Salmos é TEHILLIM, que significa “ Louvores “; o título da Septuaginta ( tradução do AT  para  o  grego, feita  em  200 aC. ) é  Psalmoi, que significa  “ Cânticos para serem acompanhados por instrumentos de cordas “.  O título em português  “ Salmos “ deriva da Septuaginta.